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Acompanhar também é lutar!

Não era novidade para ninguém que nos submetermos à um isolamento social traria consequências psicológicas para todos. Nas primeiras semanas de quarentena já era possível ver posts na internet de tom jocoso que sugeriam que no décimo dia de quarentena já estaríamos fora de nós mesmos. Tudo isso não é por o acaso; nascidos em uma sociedade em que somos serventes do mercado, portanto, da produção constante, a sensação de estarmos presos em casa, sozinhos, ou mesmo com outras (poucas) pessoas (família, amigos, companheiros), até nossos hobbies se tornam motivos de auto cobrança, pois não estamos fazendo “nada”, sem poder viver nossa vida ordinária, ou momentos de lazer com colegas – o que já parecia motivo de alarme para grande parte da população.

Imagine então uma situação piorada, que é a que a camada popular brasileira se encontra atualmente, em que não só perdemos as atividades e tarefas no exterior de nossas casas, mas estamos a beira de um colapso, com o aumento do desemprego, trabalhadores tendo que furar a quarentena para garantir seu sustento, estudantes sem o amparo devido da universidade – em sua maioria sendo obrigados a fazer atividades avaliativas à distância mesmo sem acesso à internet ou com problemas de saúde na família, com um presidente e governadores que ao invés de diminuir a perda de vidas preferem diminuir a perda de lucro das empresas, com os preços do mercado aumentando já que existe alta procura e baixa produção – e o preço tem que subir para conservar o lucro (mais uma vez o lucro à frente da vida), com moradores sem informação de como se prevenir – utilizando mascará, álcool em gel e papel higiênico (?) de forma indevida, com uma parte dos cidadãos se baseando em calúnias e notícias falsas sobre o corona vírus, e a eterna sensação de olhar pela janela sem saber quando ou, até mesmo, se as coisas voltarão à ser como antes. Sem contar outras situações mais precárias, como por exemplo; pessoas que nem onde morar tem para poder realizar a quarentena. E ai, como fica o Brasil?

Antes de todo esse caos nos atormentar, quantos de nós já não tínhamos sofrido, ou já sofríamos de ansiedade e depressão?! Podemos dizer que o século XXI é o século em que estes transtornos crescem a cada segundo. Junto com esse fator, vemos crescer também a patologização da vida, que comprime os problemas sociais, coletivos e do Estado ao indivíduo; como dizer que o que estamos vivenciando em relação à pandemia, desde o contágio do COVID-19, até os problemas de saúde mental se potencializando, não se refere também, até certa perspectiva, à essa crise social que estamos vivenciando, isentando o aspecto político dessa abordagem.

Não podemos perder de vista todos esses apontamentos e principalmente ter a compreensão de que companheiros e companheiras que estão na luta também estão aptos de sofrer e ter crises psicológicas por conta da conjuntura atual e problemas pessoais, desde de sua vida privada, tendo que suportar a quarentena (que como já dito, para a camada popular a vida em isolamento social adquire outro caráter), até aqueles que não tem condições de se manter em isolados por conta de emprego (dobrando os riscos de contágio e o desespero em torno de toda essa calamidade).

Por isso ressaltamos a importância de construirmos redes de apoio mútuo e solidariedade entre nós, desde grupos para realizar atividades de lazer à distancia para ajudar os companheiros e companheiras à se recompor, até redes para arrecadar alimento e utensílios básicos a aqueles que não estão conseguindo se manter financeiramente. Precisamos urgentemente estar ao lado dos explorados, acompanhando-os e auxíliando-os à levantar e permanecer em luta.

SOLIDARIEDADE E APOIO MÚTUO NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA!

Resistência Popular Estudantil – Floripa
Resistência Popular Estudantil – Marília
Resistência Popular Estudantil – RJ

1,2 Tri para os bancos, míseros 600 reais para os pobres

Lucro indo para os bancos e prejuízo para os pobres. A degradação das condições de vida representada pelo aumento dos preços e pelo aprofundamento da violência de Estado segue a passos largos liquidando as possibilidades de sobrevivência e vida digna do povo brasileiro, deixando o viver mais difícil a cada dia.

Descendo no buraco desde pelo menos 2011, os ricos puxam a economia brasileira em sua queda, que vai chegando ao fundo do poço cada vez mais rápido agora com o problema do corona vírus. Como podemos ver, da maneira que é recorrente na história do capitalismo, o Estado agora surge para lançar a corda até o fundo do poço para salvar apenas a burguesia parasitária, mostrando que o “Estado mínimo” defendido pelos liberais, é para os pobres apenas. Enquanto isso, nós, os de baixo, continuaremos a sobreviver (ou morrer) no fundo deste poço; vendo cada vez mais a corda de nossa salvação para uma vida digna sendo cortada pelo mesmo Estado.

Saiamos agora do campo das metáforas e olhemos para a realidade concreta. Em poucos dias de crise, sem nenhum tipo de hesitação, a equipe econômica do governo Bolsonaro liberou cerca de 1,2 trilhões de reais, o equivalente a 16,7% do PIB (1), para as instituições financeiras (no Brasil, basicamente: Itaú, Bradesco e Santander). Segundo o presidente do Banco Central, essa medida tinha como objetivo “injetar liquidez” e “fazer caixa” para essas instituições. Ainda assim, o fato mais desumano e cruel dessa medida não se apresenta nela em si mesma, mas sim na não exigência de nenhum tipo de contrapartida social por esses sanguessugas, isto é, na não exigência de qualquer medida de afrouxamento de cobrança de juros e renegociação da dívida, para população mais pobre e endividada (segundo pesquisa realizada em dezembro de 2019, o percentual de famílias endividadas no Brasil bateu recorde com 66% ) (2), por exemplo. A corda lançada aos banqueiros nunca esteve tão firme e resistente.

Por outro lado, quando o assunto é salvar o povo e tirá-lo da miséria, Bolsonaro parece adormecer em berço esplêndido. Foi assim durante quase 30 anos de vida política, não seria diferente agora no cargo mais importante do país. O que mudou é que agora ele adormece junto de Guedes, Moro e companhia.

Após ter sido duramente criticado pela ridícula medida de apoio de 200 reais para trabalhadores autônomos e informais, a equipe econômica do governo se viu colocada contra a parede devido a diversas a reações pelo país a fora tendo que recuar e aceitar a proposta criada pela oposição (a rigor esse valor foi de uma proposta do Major Vitor Hugo do PSL), na qual aumentava em até 1200 reais tal remuneração (3). Entretanto, mesmo com as duras críticas recebidas, o governo não deixou de mostrar sua perversidade e vetou o trecho que ampliava o auxílio para 600 reais aos que tem acesso ao Benefício de Prestação Continuada (idosos e deficientes pobres – 4). O povo, agora, vê sua corda sendo cortada pelo mesmo Estado que salvou os banqueiros multibilionários.

E mesmo que os 600 ou 1200 reais sejam bem vindos e resolvam parcialmente o nosso problema da fome, ainda é pouco, não podemos cair na armadilha de comemorar esse valor como uma grande vitória, pois na prática ele significará que os trabalhadores e as trabalhadoras informais tenham que continuar se arriscando em ônibus lotado, nos bicos, a limpar casa de outras pessoas, vender coisas em trens e sinais, em poucas palavras: continuar se virando para colocar pão em casa! Quarentena tem que ser um direito e não uma obrigação e para garantir esse direito 1200 ou 600 reais não bastam, exigimos o salário minimo necessário calculado pelo DIEESE que leva em conta quanto uma família de 4 pessoas precisa para ter uma vida digna ao longo de um mês, que no mês de março/2020 estava em R$ 4.483,20, que se pago aos 40 milhões de desempregados por 3 meses daria apenas 45% do valor pago aos bancos de uma só vez.

Lucro indo para os bancos e prejuízo para os pobres.

Ainda em comparação com a ajuda as instituições financeiras, o “coronavoucher” aprovado de 600 ou 1200 reais representará para os cofres públicos cerca de 98 bilhões, isto é, apenas 1,3% do PIB enquanto aos bancos foi repassado 16,7%, como dissemos anteriormente. Além dessa absurda desproporção, o governo não para por aí. Chegaremos a quase um mês de crise pelo corona vírus e Bolsonaro e sua equipe ainda não possuem um projeto robusto e de peso que não apenas proteja os empregos atuais, mas crie novos postos de empregos para desempregados e crie também direitos para trabalhadores que estão na mão do setor informal, como as multinacionais de aplicativos (Uber, Ifood, Rappi e etc), empresas de cosméticos (revendedoras), domésticas, vendedores ambulantes etc.

O que o governo apresentou e usou de chantagem para aprovação do coronavoucher foi um projeto apelidado de PEC do Orçamento de Guerra. O que o governo não diz é contra quem é essa guerra. Enganam-se os que acham que é contra o coronavírus, essa guerra é contra os trabalhadores e as trabalhadoras, é contra os serviços públicos, é contra o povo, pois o projeto determina que o dinheiro que vai para os programas sociais possa ser usado para pagamento de dívida, que poderá crescer indefinidamente esse ano, e sabe para quem esse dinheiro acaba indo quando paga a dívida? Itaú, Bradesco e Santander, os mesmos bancos que já levaram R$ 1,2 trilhão dos cofres públicos. O projeto permite também que o Banco Central compre títulos podres desses bancos, o que significa em outras palavras, comprar as ações furadas e garantir que os prejuízos sejam arcados pelo nosso dinheiro público.

Lucro indo para os bancos e prejuízo para os pobres.

Esse projeto se seguiu a outros tão ruins quanto, que permitem suspensão e redução salarial, “negociação” direta entre patrão e trabalhador e estabelecimento de banco de dados com ampliação da jornada de trabalho em 2 horas quando do retorno das atividades.

Nada disso vai resolver nosso problema, pois os preços não param de subir e o governo não garante nossos direitos, pelo contrário, retiram cada vez mais e entregam no máximo uns poucos reais.

Para resolver nosso problema exigimos:

Recontratação imediata dos demitidos, com pagamento de salários garantidos pelo governo!

Abertura de novos postos de trabalho formais com garantias de direitos imediatamente após o controle da pandemia!

Suspensão e redução de mensalidades de universidades privadas!

Garantia de um auxílio emergencial que nos garanta a vida digna!

Assinam essa nota conjuntamente :

Resistência Popular Estudantil – Rio de Janeiro
Resistência Popular Estudantil – Marília
Resistência Popular Estudantil – Floripa

Fontes usadas no texto:

1 https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2020/03/24/internas_economia,836224/pacote-anunciado-pelo-governo-deve-liberar-r-1-2-trilhao-aos-bancos.shtml

2 – https://www.ocafezinho.com/2020/01/09/66-dos-brasileiros-estao-endividados-recorde-no-pais/

3 – https://www.infomoney.com.br/economia/auxilio-emergencial-de-r-600-especialistas-avaliam-efeitos-e-dificuldades-do-coronavoucher/

4 – https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/04/02/bolsonaro-beneficio-600-reais.htm

Que os ricos paguem pela pandemia!

Vemos se difundir pela televisão, internet e redes sociais a narrativa de que o Corona Vírus é o causador da crise na qual seguimos afundando. Tal narrativa, impulsionada pela grande mídia e governantes, busca esconder o cheiro de podre vindo do cadáver do atual modelo econômico. A necessidade permanente de crescimento e expansão (Lucrar, lucrar, lucrar…) do capitalismo e sua tendência à financerização são as verdadeiras causas do cenário de crise, e possível recessão, que é agravado e intensificado pela pandemia. Buscando expandir seus lucros para além da produção de mercadorias, sem correr os riscos diretos (compra de maquinário; matéria prima; custo com a força de trabalho), e se desenvolvendo proporcionalmente mais na esfera financeira, o grande capital especula em cima de um dinheiro que ainda não existe, e que pode vir a ser parte do lucro das empresas direcionado aos acionistas. Na medida em que mais e mais capitalistas preferem apostar no mercado financeiro, mais a produção industrial – produção de riqueza real, bem como geração de emprego – se enfraquece. Em 2019 a produção global enfraqueceu, pois o consumo enfraqueceu, logo o valor realizado, o rendimento dos dividendos, se distanciou do valor prometido. Assim bolhas explodem. Os grandes rentistas logo fogem para um investimento seguro, normalmente os títulos da dívida pública, principalmente norte-americana, ocorrendo assim a chamada “fuga de capitais”. Mas não nos deixemos enganar achando que esse processo alivie a pressão em torno de nossa dívida pública, pelo contrário, segue sugando mais da metade do nosso PIB, que vai parar no bolso de grande banqueiros.

Os recentes ataques aos direitos da classe trabalhadora contribuem para o cenário de caos social intensificado pela pandemia (que tende a se agravar nas próximas semanas). A reforma trabalhista, aprovada em 2017, acirrou a situação de vulnerabilidade socioeconômica das/os trabalhadoras/os, o que se torna evidente quando o direito a quarentena é negado aos trabalhadores informais, os quais, sem nenhuma garantia de renda, continuam a trabalhar. Enquanto isso, aos trabalhadores formais são impostas “férias antecipadas” ou demissões voluntárias. Ou seja, somos nós trabalhadores que estamos pagando pela pandemia. Além disso, o congelamento dos gastos públicos na área da saúde e educação promovidos pela EC 95 precarizou e sucateou nosso sistema de saúde público, que se mostra tão essencial em tempos de pandemia. Além dessas, a recém aprovada reforma da previdência obriga as/os trabalhadoras/es a pagar a conta das divídas de grandes sonegadores (bancos e grandes empresas que tem uma dívida bilionária à previdência e nunca a pagam devido às negociações e perdões fiscais) e condena o povo a trabalhar, quase que literalmente, até morte. Por mais que ainda estejamos sentindo as medidas dessa reforma em sua forma inicial, fica evidente que, em casos de crise como a que vivemos hoje, os trabalhadores mais velhos serão um dos grupos mais afetados, o que se agravará com o empobrecimento imposto pela reforma.

Bolsonaro, através de pronunciamentos esdrúxulos e genocidas, reflete o posicionamento da classe dominante: “o Brasil não pode parar por 5 ou 7 mil mortes” (Junior Durski, dono da rede de restaurantes Madero). Um estudo realizado pelo Dieese revela que um salário suficiente para pagar pelos produtos definidos pelo governo federal para uma cesta básica, seria de R$4.366,51, enquanto cerca de 60% de brasileiros vivem com cerca de R$928 reais por mês. 41,3% dos trabalhadores brasileiros são informais, segundo IBGE. Estes são camelôs, ubers, trabalhadoras domésticas sem carteira, etc, ou seja, pessoas sem FGTS, sem seguro desemprego, sem licença médica remunerada e sem fonte de renda que não venha da venda de sua mão de obra. O total desprezo pela vida dos trabalhadores é intensificado em períodos de crise e recessão econômica, mas é necessário frisar que a política de precarização e negação de uma vida digna já estava em curso com as medidas já mencionadas, as reformas e EMC 95. Devido a tal emenda o SUS já perdeu R$ 20 bilhoes desde 2016, e ainda terá um prejuízo de até 400 bilhões de reais até 2036. A medida anunciada no dia 18/03 por Guedes de 200 reais mensais para os trabalhadores informais durante o período da pandemia chega a ser um insulto. O valor irrisório junto as restrições ao acesso ao auxílio escancaram a frieza e indiferença dos gestores do capital quanto a vida do povo, nos jogando a uma situação de fome e miséria. A austeridade e o ajuste fiscal não veem barreiras, e o Estado policial recordista em matar no campo, do país recordista em matar transexuais, assim como o genocidio brasileiro dos povos da floresta, de negros e favelados e o feminicidio que ceifou 1314 vidas em 2019, ganha agora um incremento.

Somos nós os produtores, ou seja, sem nossa força de trabalho, não há transporte, de pessoas ou de alimento/mercadorias, não há venda; cobrança; pesquisa; não há indústria; internet; luz e energia. E como o que produzimos nos é furtado, são aqueles que nos furtam os preocupados com a queda da produção. Então porque somos nós quem devemos pagar com essa conta? O cenário é realmente impactante e devemos cobrar para que seja levado com seriedade, tanto pelos engravatados quanto por nossos companheiros de classe. Deve ser ressaltado sempre que nada existe sem nós trabalhadores, e que nada esperamos do Estado, porque a nós nada nunca foi dado e sempre conquistado. O momento é de ainda mais solidariedade e organização entre os nossos, não só para enfrentarmos o COVID19, mas também para cobrarmos cada gota de sangue de nossa classe derramada para o enriquecimento desses assassinos. E os ricos pagarão! Pagarão com suas cabeças e com as nossas riquezas que são usurpadas por eles, porque mais fortes são os poderes do povo!

Assinam:
Resistência Popular Estudantil – RJ
Resistência Popular Estudantil – Araraquara
Resistência Popular Estudantil – Marília
Resistência Popular Estudantil – Floripa
Resistência Popular Estudantil – RS
Resistência Popular Estudantil – Paraná

As mulheres trabalhadoras sentem na pele cada dia mais os ataques que o governo dispara em sua direção

Desde a colonização aos dias atuais lutamos pela nossa dignidade, que é constantemente violada pelo patriarcado e racismo arraigados no país. Atualmente, o governo Bolsonaro vem com seus ideais neoliberais aprofundar a miséria do povo e enriquecer cada vez mais as elites às custas de nossa dignidade.

Esse processo não começa do nada: é resultado de anos de conciliação de classes, que nos jogou migalhas enquanto enchia os bolsos dos grandes empresários, banqueiros e latifundiários, gerando imobilismo das grandes centrais sindicais, fortalecendo as elites e preparando o terreno para que o neoliberalismo descarado enfie, sem pudores, suas garras afiadas cada vez mais fundo em nossas vidas. O sustento das/os de cima é promovido através da exploração da/os de baixo, e essa realidade assola a América Latina de modo geral, produzindo a desigualdade combinada também à herança colonial.

Nos últimos anos as reformas Trabalhista e da Previdência aumentaram a exploração dos corpos das mulheres, cujo tempo de trabalho já é no mínimo dobrado em relação aos homens, além de ter que resistir às violências de gênero em casa .

A nossa rotina é custosa em todos aspectos. Sabemos que o Brasil é um dos principais países do mundo com casos de feminicídios, fora as várias violências de assédio sexual por que passamos. Nós resistimos contra os ataques de gênero, raça e classe porque vemos outras mulheres de nossa família ou do convívio social que nos fortalecem e nos motivam a marchar em direção à vida sempre mais justa de se viver.

Fazemos menção aqui a Marielle Franco, assassinada em 14 de março de 2018 denunciando os abusos da polícia militar e lutando pela dignidade da mulher negra frente ao Estado opressor e assassino.

Aliado à lógica neoliberal, o avanço do conservadorismo também nos ataca, favorecendo ainda mais o pensamento misógino e sexista. O debate do aborto não é entendido como um tema de saúde pública, e muitas mulheres seguem morrendo na necessidade de se submeter à abortos clandestinos.

Não bastasse o aumento do custo de vida desmoronando sobre nós – com aumento do preço dos alimentos, produtos para higiene, gás, aluguel e das contas de luz e água – vemos o descaso com as nossas necessidades e urgências enquanto mulheres estudantes e/ou trabalhadoras que diariamente resistem à todas as formas de opressões.

O neoliberalismo intensifica também o desmonte dos serviços públicos, como creches, saúde e educação. Não termos acesso à uma educação pública de qualidade também contribui para que tenhamos que nos submeter aos serviços mais precarizados.

Já no ensino básico é possível perceber, pela existência de renomadas escolas particulares que garantem o sucesso no vestibular, que o ensino superior é feito para os filhos de quem no mínimo pode pagar uma educação privada.

Dentro da universidade temos mais problemas: a falta de permanência estudantil. Aqueles poucos que conseguiram quebrar a barreira de sua situação financeira para ocupar espaço em uma universidade pública sendo da camada popular, tem sua existência ameaçada no curso, pois não tem os subsídios necessários para se manter sem auxílio da instituição.

Tudo isso é parte de um projeto anti-povo, que incorpora as dominações sociais para o espaço universitário, impedindo que a produção de conhecimento seja feita pelos dominados, conservando assim que essa produção continue sendo realizada através da perspectiva dos dominadores

Para a compreensão daquilo que diz respeito à hierarquia universitária podemos abordar a presença de um setor marginal presente nesse contexto. Anos antes das cotas sociais e raciais serem implementadas ou até mesmo conquistadas, mulheres pobres e mulheres negras existentes na universidade, em sua maioria, eram faxineiras e servidoras e terceirizadas. Com um avanço dessa luta já é possível dizer que estamos em um outro cenário sobre essa situação, mas que ainda não é suficiente. Um exemplo é que é possível contar nos dedos as mulheres transexuais estudam na sua faculdade, se houver.

Mesmo com a entrada de mulheres periféricas na universidade a estrutura ortodoxa e elitizada do ensino superior continua a mesma, de modo que o espaço dessas pessoas na produção de conhecimento ainda precisa ser duramente disputado, pois para uma educação branca, patriarcal e elitista não há lugar para filhas de faxineiras, costureiras e trabalhadoras urbanas e rurais, donas de casa, mães solo, mulheres transgênero, travestis e transexuais, negras e indígenas.

Pensar em uma universidade feita por e para o povo, com acesso irrestrito da camada popular e que fortaleça os de baixo, é pensar em uma universidade que pretende romper com as relações de dominação presentes nos círculos acadêmico, administrativo e social da educação superior, assim como quer romper com essas relações na sociedade. A mulher só viverá dignamente na universidade quando a luta por moradia, permanência estudantil e pelo fim do vestibular estiver em dia, e a capacidade de mulheres periféricas produzirem conhecimento for cada vez mais for posta em prática.

Para isso é necessário construir esse processo de organização política incorporando as questões e pautas dos setores marginalizados.

Portanto, entendemos que é importante erguemos nossos punhos nesse 8 de março para lutarmos contra o avanço do neoliberalismo e reivindicarmos uma vida mais justa para nós, que só é possível através da força coletiva e popular e da democracia direta.

É nós por nós!

MULHER É RESISTÊNCIA NA LUTA POR VIDA DIGNA!

Assinam essa nota:

Resistência Popular Estudantil – RJ

Resistência Popular Estudantil – Marília

Resistência Popular – Fronteira Sul

Resistência Popular Estudantil – Porto Alegre

Resistência Popular Estudantil – Floripa

Resistência Popular Estudantil 28 de Março – Araraquara

Organizar para resistir, aquilombar para avançar!

Nossa geração de militantes enfrenta a mais dura conjuntura de nossas vidas. O avanço do imperialismo tem nos empurrado para subempregos ou mesmo para o desemprego. Quem não conhece um amigo ou uma amiga que esta sobrevivendo de bico, Uber, Rappi ou que não consegue sair da casa dos pais por não encontrar trabalho? Quantos de nós não estamos nessa condição?

A ausência de direitos trabalhistas, a flexibilização nos horários, a inexistência de seguridade são a norma da história da nossa classe, principalmente para os trabalhadores pretos e enquanto o trabalho cai os preços só sobem. Não bastasse isso, o governo corta da educação, da saúde, do saneamento, para pagar a imoral divida pública e bancar o nosso genocídio, esse ano já foram 6 crianças assassinadas pelo Estado brasileiro, 2900 vítimas ao todo só no primeiro semestre e aparecem relatos de tortura aos montes. A maioria esmagadora dos casos chacinando a juventude preta. Fica evidente que o racismo se estrutura no capital pra superexplorar os trabalhadores pretos e as trabalhadoras pretas. .

A barbárie se aprofunda, os de cima querem nos tirar o suor, o pão e o sangue. Portanto só temos uma alternativa: nos organizar pra resistir e a quilombar pra avançar!!

Enquanto polo dos oprimidos e oprimidas é necessário nos organizarmos, tomando autogestão, solidariedade de classe, combatividade, democracia direta, internacionalismo, antirracismo como princípios, devemos unir as lutas tomando o processo de a quilombagem como referência.

Os quilombos, sociedades livres de ex-escravos, pretos nascidos livres, indígenas, trabalhadores brancos pobres, prostitutas e qualquer um que estivesse disposto a combater por liberdade; proliferaram pelo Brasil defendendo a propriedade coletiva, a tomada de decisão ampla e participativa, a construção de um polo de poder dos de baixo para enfrentar os de cima sem conciliação. Sua organização e luta arrancaram o fim da escravidão, não a bondade de uma princesa. Atualmente seguem nas trincheiras da luta para conseguirem o reconhecimento de sua cultura e organização social, bem como de seus territórios. A especulação imobiliária e a ação de latifundiários e pistoleiros continuam a invadir quilombos, perseguindo, encarcerando e matando lideranças; assim como faziam os capitães do mato. No mesmo sentido, são raras as ocasiões em que o poder público reconhece a relação cultural e harmoniosa entre os quilombolas e o meio que vivem quando da delimitação de reservas naturais. Desse modo, aqueles que viveram por séculos em determinada relação com o ecossistema que os cercam, passam a ser proibidos de seguir com seus costumes, considerados pelo Estado como predatórios e ilegais. O Estado racista que mata e tortura a população preta nas periferias das grandes cidades é o mesmo que legitima os ataques do capital aos quilombos brasileiros.

Nas universidades, a luta preta tem avançado com a conquista das ações afirmativas, arrancada pela luta e não como um presente de nenhum governo. Na última década, houve uma grande transformação no perfil da estudante universitária. Mas, embora tenhamos caminhado no horizonte de pintar a universidade de povo, a verdade é que o principal ainda está por ser feito. A maior parte de nossa juventude pobre e preta continua mantida afastada deste espaço pelo filtro de classe e racial que é o vestibular. Além disso, as políticas de permanência sempre foram insuficientes e estão cada vez mais ameaçadas, fazendo com que muitas de nós sejamos expulsas pela porta dos fundos, sem meios para nos sustentar na universidade. Na pós-graduação, a luta pelas ações afirmativas ainda dá seus primeiros passos, mas tem real potencial para avançar no próximo período. Entre a categoria docente, de maior poder institucional dentro das universidades, sabemos que o povo preto e indígena ainda encontrou poucos espaços. É essa presença e luta, preta e indígena, que dá margem para avançarmos mais na disputa do sentido da universidade pública, seja nos currículos, nas aulas, nas pesquisas, na extensão popular.

Que sigamos o exemplo do provo preto e combatamos sem conciliação, organizados entre os nossos. Até fazer cair cada governo que nos ataque, que chacine nossas crianças e queira que trabalhemos até morrer. Se vivemos a conjuntura mais dura de nossa geração, que combatamos de forma dura até obtermos as vitórias para a nossa classe!

Viva Zumbi! Viva Dandara!
Só o povo salva o povo!
Lutar, criar, poder popular!

Assinam essa nota:

Resistência Popular Estudantil – Floripa
Resistência Popular Estudantil – Marília
Resistência Popular Estudantil – Porto Alegre
Resistência Popular Estudantil – Rio de Janeiro

Só a luta popular põe freio na barbárie: todo apoio à luta na UFFS

Na última quinta-feira (29), o mesmo governo que desmonta a educação pública, corta verbas em ciência e tecnologia, propõe a privatização da gestão das universidades federais e persegue política e ideologicamente as e os estudantes e trabalhadores, lançou sua ofensiva de absurdos sobre a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).

Bolsonaro nomeou para o cargo de reitor um professor fundamentalista religioso, apoiador radical do governo, academicamente medíocre e que fez uma votação insignificante quando da eleição para a reitoria. Marcelo Recktenvald, que já usou verba pública para estudar “coaching cristão” na instituição, agora é nomeado interventor do governo em mais essa manobra autoritária e antipovo.

A UFFS, instituição cuja história é ligada às lutas populares, erguida pela força e pela militância incansável de estudantes e trabalhadores/as do campo, é marcada pelo já histórico descaso institucional e midiático com o interior do país. Um descaso que envolve, inclusive, as organizações de esquerda e os movimentos sociais, mesmo os ligados à educação e às instituições de ensino, que pouco ou nada articulam e organizam junto ao brasil periférico e rural.

A Universidade que se estende em três estados brasileiros, com cinco campi e mais de oito mil alunos, é uma instituição alinhada aos povos do campo e da floresta, uma demanda e uma conquista da nossa classe e a força das e dos estudantes de pronto mostrou resposta a mais esse absurdo.

Agora, desde o anúncio desta intervenção do governo Bolsonaro, a comunidade finca o pé pela nomeação da chapa eleita, exigindo a retirada imediata do interventor bolsonarista da cadeira da reitoria.

Com combatividade e ação direta, alunas/os, servidoras/es, técnicos e movimentos sociais ocuparam já na sexta-feira a reitoria da Universidade, estendendo em seguida a ocupação para o Campus Cerro Largo. Assembleias, marchas, piquetes e mais ocupações estão na agenda da luta e toda solidariedade é necessária diante da ofensiva do governo federal contra a autonomia.

SAUDAMOS as e os estudantes em luta, com toda solidariedade e com todo apoio;

APONTAMOS que é com ação direta e de base, sem negociações com governos e patrões, que o movimento estudantil deve pautar o caminho das lutas em todo o país. Só a luta popular pode colocar freio no avanço dos de cima sobre nosso direito ao futuro;

CONVOCAMOS coletivos, centros e diretórios acadêmicos, partidos, grupos e organizações a se somarem na divulgação e no apoio à luta na fronteira sul

E seguimos de pé, lado a lado, ombro a ombro e de punho erguido diante de mais esse ataque! A educação do povo não se vende, se defende.

TODO APOIO À LUTA NA UFFS!

NÃO À INTERVENÇÃO! PELA AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA!

NÃO AO FUTURE-SE E AOS DESMONTES NA EDUCAÇÃO PÚBLICA!

FORA MARCELO!

Assinam:

Resistência Popular Estudantil – Porto Alegre/RS
Resistência Popular – Fronteira Sul
Juventude Rosa Negra – Belo Horizonte
Resistência Popular Alagoas
Resistência Popular Estudantil – RJ
Resistência Popular Estudantil – Marília
Coletiva Centospé – Florianópolis/SC

Que o 13 de agosto inicie mais lutas!

Passados oito meses de governo Bolsonaro já fica muito evidente a serviço de quem Bolsonaro, Paulo Guedes, Onyx Lorenzoni e companhia trabalham: dos banqueiros, latifundiários e grandes empresários. É um governo sem vergonha e sem nenhum compromisso conosco, trabalhadoras e trabalhadores. Por isso amarga a pior popularidade de um presidente eleito na história do Brasil. Também não é para menos, já que o presidente, junto com a bandidagem que tomou conta do Congresso, aplica duros ataques sobre nós.

Vendem nossos recursos naturais a preço de banana, desmontam o SUS, não resolvem o problema da violência urbana, congelam nossos salários, nos jogam no desemprego e ainda querem que trabalhemos até morrer!!

Não pode restar dúvida: este governo é nosso inimigo e quer que o chicote da crise arda em nossas costas enquanto os banqueiros lucram mais e mais!! Por isso faz questão de aprovar uma reforma da previdência que atinge diretamente as pessoas mais pobres, as viúvas, as pessoas idosas na miséria, jovens, profes, em resumo: trabalhadores e trabalhadoras.

Bolsonaro e sua quadrilha também têm cortado dinheiro da educação, da saúde, da segurança e do saneamento repetidas vezes ao longo do ano. Se hoje não encontramos médicas e recursos nos hospitais, se cada dia que passa mais creches são fechadas e tem menos professoras nas escolas, se a cada dia a violência urbana explode é porque esse governo tem cortado verba dessas áreas, seguindo a mesma receita de ajuste fiscal de Michel Temer e de Dilma em 2015, quando os cortes na educação já foram significativos. Esses cortes se intensificaram com a PEC do Fim do Mundo aprovada no governo de Temer e, agora, Bolsonaro dá continuidade ao ajuste fiscal: já cortou 6 bilhões da educação esse ano, tanto das universidades e institutos federais quanto das escolas, e até mesmo o FUNDEB esta ameaçado.

FUTURE-SE

Depois dos cortes de verbas que comprometem o funcionamento das universidades federais neste segundo semestre, o MEC apareceu agora com o projeto “Future-se”. O programa tem como objetivo alterar os repasses de verba para a rede federal de ensino, desobrigando o Estado a arcar diretamente com o investimento, através da criação do “fundo future-se”. Para ter acesso a esse fundo, as universidades deverão buscar a iniciativa privada através de venda de pesquisas, fundos de investimento, parcerias público-privadas e privatização do patrimônio imobiliário delas, alterando os eixos que sustentam o caráter público e socialmente referenciado das instituições. Por isso o programa pode ser tratado como o cavalo de tróia da privatização, sendo questão de tempo para que o debate sobre mensalidade possa surgir também na graduação, já que na pós, especialmente na pós lato sensu, a cobrança de mensalidade já é uma realidade triste.

Além de jogar as universidades, IFs e CEFETs numa competição entre si para obter recursos, o progrma entrega a gestão das instituições nas mãos de Organizações Sociais, que nem precisarão passar por chamamento público. Com isso, há um nítido esvaziamento dos espaços colegiados: as decisões passarão a ser tomadas por um grupo de empresários e investidores interessados no lucro, não numa educação em defesa dos interesses da classe trabalhadora. Estas OS poderão, inclusive, realizar contrato de professores, que estarão diretamente voltados para a pesquisa de interesse do setor privado, destruindo o tripé ensino-pesquisa-extensão e a estabilidade dos servidores e servidoras públicas.

O programa não fala nada sobre assistência estudantil, deixando bem evidente que a permanência e a formação de estudantes não é uma preocupação desse governo. Durante o anúncio do projeto, o próprio ministro disse que nesse novo modelo a maioria de nós será jogada ao fracasso, para que uns poucos possam triunfar e enriquecer. No lugar de assistência estudantil, o future-se reserva para nós a disputa por subempregos e estágios sem direitos com bolsas pagas por empresas. Ou seja, future-se quer dizer fature-se, sucateia-se, vende-se, vire-se!

CONSTRUIR A GREVE NACIONAL DA EDUCAÇÃO NO DIA 13 DE AGOSTO

As tendências estudantis que assinam este texto se identificam com a classe trabalhadora. Um dos princípios que compartilhamos é a solidariedade de classe. Então chamamos atenção pro fato de que as pessoas mais afetadas pelos ataques do capitalismo governamental serão as trabalhadoras terceirizadas, que já vêm sendo demitidas desde o início do ano por causa desses cortes. A maioria dos campi já não tem RU (o que é uma marca do modelo REUNI) e os que ainda têm estão correndo o risco de perdêlos.

A solução para os nossos problemas não vai vir de cima, de algum governo ou empresa privada. É somente através da ação direta, da autogestão e da organização pela base que poderemos constuir a oposição a este governo e barrar estes ataques. Nós, estudantes, trabalhadores e trabalhadoras, tanto da graduação quanto da pós, tanto de universidades públicas quanto privadas, somos capazes de decidir sobre o que é melhor pra nós mesmas de modo horizontal, autônomo e com democracia direta.

Por isso, dia 13 de agosto devemos construiruma forte greve nacional da educação, repetindo o já realizado nos dias 15 e 30 de maio. Para barrar não só o future-se, mas também a reforma da previdência e os cortes.

E que o dia 13 de agosto sirva de ponto de partida para um calendário de lutas, que tome o exemplo dos companheiros e companheiras da educação do estado do Mato Grosso que já estão em greve há mais de 60 dias, que siga o exemplo das ocupações de indígenas na Sesai no país inteiro, e também a ocupação na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Que o dia 13 de agosto aponte para a construção de uma Greve Geral, para parar a educação, o setor produtivo, o transporte e mostrar para nossos inimigos que não aceitaremos a retirada de nossos direitos.

SOLIDARIEDADE DE CLASSE ENTRE ESTUDANTES E TRABALHADORAS!

POR UMA GREVE GERAL PROLONGADA!

MOSTRAR NAS RUAS A FORÇA POPULAR!

ASSINAM ESSA NOTA:
Autonomia Estudantil – MT
Coletiva Centospé – SC
Juventude Rosa Negra – MG
Resistência Popular – AL
Resistência Popular – RJ
Resistência Popular – SP
Resistência Popular Estudantil – RS