Tag Archives: resistência popular

Que os ricos paguem pela pandemia!

Vemos se difundir pela televisão, internet e redes sociais a narrativa de que o Corona Vírus é o causador da crise na qual seguimos afundando. Tal narrativa, impulsionada pela grande mídia e governantes, busca esconder o cheiro de podre vindo do cadáver do atual modelo econômico. A necessidade permanente de crescimento e expansão (Lucrar, lucrar, lucrar…) do capitalismo e sua tendência à financerização são as verdadeiras causas do cenário de crise, e possível recessão, que é agravado e intensificado pela pandemia. Buscando expandir seus lucros para além da produção de mercadorias, sem correr os riscos diretos (compra de maquinário; matéria prima; custo com a força de trabalho), e se desenvolvendo proporcionalmente mais na esfera financeira, o grande capital especula em cima de um dinheiro que ainda não existe, e que pode vir a ser parte do lucro das empresas direcionado aos acionistas. Na medida em que mais e mais capitalistas preferem apostar no mercado financeiro, mais a produção industrial – produção de riqueza real, bem como geração de emprego – se enfraquece. Em 2019 a produção global enfraqueceu, pois o consumo enfraqueceu, logo o valor realizado, o rendimento dos dividendos, se distanciou do valor prometido. Assim bolhas explodem. Os grandes rentistas logo fogem para um investimento seguro, normalmente os títulos da dívida pública, principalmente norte-americana, ocorrendo assim a chamada “fuga de capitais”. Mas não nos deixemos enganar achando que esse processo alivie a pressão em torno de nossa dívida pública, pelo contrário, segue sugando mais da metade do nosso PIB, que vai parar no bolso de grande banqueiros.

Os recentes ataques aos direitos da classe trabalhadora contribuem para o cenário de caos social intensificado pela pandemia (que tende a se agravar nas próximas semanas). A reforma trabalhista, aprovada em 2017, acirrou a situação de vulnerabilidade socioeconômica das/os trabalhadoras/os, o que se torna evidente quando o direito a quarentena é negado aos trabalhadores informais, os quais, sem nenhuma garantia de renda, continuam a trabalhar. Enquanto isso, aos trabalhadores formais são impostas “férias antecipadas” ou demissões voluntárias. Ou seja, somos nós trabalhadores que estamos pagando pela pandemia. Além disso, o congelamento dos gastos públicos na área da saúde e educação promovidos pela EC 95 precarizou e sucateou nosso sistema de saúde público, que se mostra tão essencial em tempos de pandemia. Além dessas, a recém aprovada reforma da previdência obriga as/os trabalhadoras/es a pagar a conta das divídas de grandes sonegadores (bancos e grandes empresas que tem uma dívida bilionária à previdência e nunca a pagam devido às negociações e perdões fiscais) e condena o povo a trabalhar, quase que literalmente, até morte. Por mais que ainda estejamos sentindo as medidas dessa reforma em sua forma inicial, fica evidente que, em casos de crise como a que vivemos hoje, os trabalhadores mais velhos serão um dos grupos mais afetados, o que se agravará com o empobrecimento imposto pela reforma.

Bolsonaro, através de pronunciamentos esdrúxulos e genocidas, reflete o posicionamento da classe dominante: “o Brasil não pode parar por 5 ou 7 mil mortes” (Junior Durski, dono da rede de restaurantes Madero). Um estudo realizado pelo Dieese revela que um salário suficiente para pagar pelos produtos definidos pelo governo federal para uma cesta básica, seria de R$4.366,51, enquanto cerca de 60% de brasileiros vivem com cerca de R$928 reais por mês. 41,3% dos trabalhadores brasileiros são informais, segundo IBGE. Estes são camelôs, ubers, trabalhadoras domésticas sem carteira, etc, ou seja, pessoas sem FGTS, sem seguro desemprego, sem licença médica remunerada e sem fonte de renda que não venha da venda de sua mão de obra. O total desprezo pela vida dos trabalhadores é intensificado em períodos de crise e recessão econômica, mas é necessário frisar que a política de precarização e negação de uma vida digna já estava em curso com as medidas já mencionadas, as reformas e EMC 95. Devido a tal emenda o SUS já perdeu R$ 20 bilhoes desde 2016, e ainda terá um prejuízo de até 400 bilhões de reais até 2036. A medida anunciada no dia 18/03 por Guedes de 200 reais mensais para os trabalhadores informais durante o período da pandemia chega a ser um insulto. O valor irrisório junto as restrições ao acesso ao auxílio escancaram a frieza e indiferença dos gestores do capital quanto a vida do povo, nos jogando a uma situação de fome e miséria. A austeridade e o ajuste fiscal não veem barreiras, e o Estado policial recordista em matar no campo, do país recordista em matar transexuais, assim como o genocidio brasileiro dos povos da floresta, de negros e favelados e o feminicidio que ceifou 1314 vidas em 2019, ganha agora um incremento.

Somos nós os produtores, ou seja, sem nossa força de trabalho, não há transporte, de pessoas ou de alimento/mercadorias, não há venda; cobrança; pesquisa; não há indústria; internet; luz e energia. E como o que produzimos nos é furtado, são aqueles que nos furtam os preocupados com a queda da produção. Então porque somos nós quem devemos pagar com essa conta? O cenário é realmente impactante e devemos cobrar para que seja levado com seriedade, tanto pelos engravatados quanto por nossos companheiros de classe. Deve ser ressaltado sempre que nada existe sem nós trabalhadores, e que nada esperamos do Estado, porque a nós nada nunca foi dado e sempre conquistado. O momento é de ainda mais solidariedade e organização entre os nossos, não só para enfrentarmos o COVID19, mas também para cobrarmos cada gota de sangue de nossa classe derramada para o enriquecimento desses assassinos. E os ricos pagarão! Pagarão com suas cabeças e com as nossas riquezas que são usurpadas por eles, porque mais fortes são os poderes do povo!

Assinam:
Resistência Popular Estudantil – RJ
Resistência Popular Estudantil – Araraquara
Resistência Popular Estudantil – Marília
Resistência Popular Estudantil – Floripa
Resistência Popular Estudantil – RS
Resistência Popular Estudantil – Paraná

Que o 13 de agosto inicie mais lutas!

Passados oito meses de governo Bolsonaro já fica muito evidente a serviço de quem Bolsonaro, Paulo Guedes, Onyx Lorenzoni e companhia trabalham: dos banqueiros, latifundiários e grandes empresários. É um governo sem vergonha e sem nenhum compromisso conosco, trabalhadoras e trabalhadores. Por isso amarga a pior popularidade de um presidente eleito na história do Brasil. Também não é para menos, já que o presidente, junto com a bandidagem que tomou conta do Congresso, aplica duros ataques sobre nós.

Vendem nossos recursos naturais a preço de banana, desmontam o SUS, não resolvem o problema da violência urbana, congelam nossos salários, nos jogam no desemprego e ainda querem que trabalhemos até morrer!!

Não pode restar dúvida: este governo é nosso inimigo e quer que o chicote da crise arda em nossas costas enquanto os banqueiros lucram mais e mais!! Por isso faz questão de aprovar uma reforma da previdência que atinge diretamente as pessoas mais pobres, as viúvas, as pessoas idosas na miséria, jovens, profes, em resumo: trabalhadores e trabalhadoras.

Bolsonaro e sua quadrilha também têm cortado dinheiro da educação, da saúde, da segurança e do saneamento repetidas vezes ao longo do ano. Se hoje não encontramos médicas e recursos nos hospitais, se cada dia que passa mais creches são fechadas e tem menos professoras nas escolas, se a cada dia a violência urbana explode é porque esse governo tem cortado verba dessas áreas, seguindo a mesma receita de ajuste fiscal de Michel Temer e de Dilma em 2015, quando os cortes na educação já foram significativos. Esses cortes se intensificaram com a PEC do Fim do Mundo aprovada no governo de Temer e, agora, Bolsonaro dá continuidade ao ajuste fiscal: já cortou 6 bilhões da educação esse ano, tanto das universidades e institutos federais quanto das escolas, e até mesmo o FUNDEB esta ameaçado.

FUTURE-SE

Depois dos cortes de verbas que comprometem o funcionamento das universidades federais neste segundo semestre, o MEC apareceu agora com o projeto “Future-se”. O programa tem como objetivo alterar os repasses de verba para a rede federal de ensino, desobrigando o Estado a arcar diretamente com o investimento, através da criação do “fundo future-se”. Para ter acesso a esse fundo, as universidades deverão buscar a iniciativa privada através de venda de pesquisas, fundos de investimento, parcerias público-privadas e privatização do patrimônio imobiliário delas, alterando os eixos que sustentam o caráter público e socialmente referenciado das instituições. Por isso o programa pode ser tratado como o cavalo de tróia da privatização, sendo questão de tempo para que o debate sobre mensalidade possa surgir também na graduação, já que na pós, especialmente na pós lato sensu, a cobrança de mensalidade já é uma realidade triste.

Além de jogar as universidades, IFs e CEFETs numa competição entre si para obter recursos, o progrma entrega a gestão das instituições nas mãos de Organizações Sociais, que nem precisarão passar por chamamento público. Com isso, há um nítido esvaziamento dos espaços colegiados: as decisões passarão a ser tomadas por um grupo de empresários e investidores interessados no lucro, não numa educação em defesa dos interesses da classe trabalhadora. Estas OS poderão, inclusive, realizar contrato de professores, que estarão diretamente voltados para a pesquisa de interesse do setor privado, destruindo o tripé ensino-pesquisa-extensão e a estabilidade dos servidores e servidoras públicas.

O programa não fala nada sobre assistência estudantil, deixando bem evidente que a permanência e a formação de estudantes não é uma preocupação desse governo. Durante o anúncio do projeto, o próprio ministro disse que nesse novo modelo a maioria de nós será jogada ao fracasso, para que uns poucos possam triunfar e enriquecer. No lugar de assistência estudantil, o future-se reserva para nós a disputa por subempregos e estágios sem direitos com bolsas pagas por empresas. Ou seja, future-se quer dizer fature-se, sucateia-se, vende-se, vire-se!

CONSTRUIR A GREVE NACIONAL DA EDUCAÇÃO NO DIA 13 DE AGOSTO

As tendências estudantis que assinam este texto se identificam com a classe trabalhadora. Um dos princípios que compartilhamos é a solidariedade de classe. Então chamamos atenção pro fato de que as pessoas mais afetadas pelos ataques do capitalismo governamental serão as trabalhadoras terceirizadas, que já vêm sendo demitidas desde o início do ano por causa desses cortes. A maioria dos campi já não tem RU (o que é uma marca do modelo REUNI) e os que ainda têm estão correndo o risco de perdêlos.

A solução para os nossos problemas não vai vir de cima, de algum governo ou empresa privada. É somente através da ação direta, da autogestão e da organização pela base que poderemos constuir a oposição a este governo e barrar estes ataques. Nós, estudantes, trabalhadores e trabalhadoras, tanto da graduação quanto da pós, tanto de universidades públicas quanto privadas, somos capazes de decidir sobre o que é melhor pra nós mesmas de modo horizontal, autônomo e com democracia direta.

Por isso, dia 13 de agosto devemos construiruma forte greve nacional da educação, repetindo o já realizado nos dias 15 e 30 de maio. Para barrar não só o future-se, mas também a reforma da previdência e os cortes.

E que o dia 13 de agosto sirva de ponto de partida para um calendário de lutas, que tome o exemplo dos companheiros e companheiras da educação do estado do Mato Grosso que já estão em greve há mais de 60 dias, que siga o exemplo das ocupações de indígenas na Sesai no país inteiro, e também a ocupação na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Que o dia 13 de agosto aponte para a construção de uma Greve Geral, para parar a educação, o setor produtivo, o transporte e mostrar para nossos inimigos que não aceitaremos a retirada de nossos direitos.

SOLIDARIEDADE DE CLASSE ENTRE ESTUDANTES E TRABALHADORAS!

POR UMA GREVE GERAL PROLONGADA!

MOSTRAR NAS RUAS A FORÇA POPULAR!

ASSINAM ESSA NOTA:
Autonomia Estudantil – MT
Coletiva Centospé – SC
Juventude Rosa Negra – MG
Resistência Popular – AL
Resistência Popular – RJ
Resistência Popular – SP
Resistência Popular Estudantil – RS