A história são as pobres que a fazem
A vitória esta na mão de quem peleia,
Nossa gente tão cansada de sofrer
Vamos juntos decidir o que fazer,
Se o governo e os patrões só nos oprimem
Acumulando riqueza e poder
Ação direta é a arma que nós temos
Pra fazer justiça pra viver (2x)
Povo na rua pra resistir e pra lutar
Povo que avança para o poder popular
(Hino da Ação Direta)
Na construção da resistência contra aqueles que nos atacam de cima, muitos pés são necessários. Uma centopeia articula todos os seus pés em passos sincronizados: é a união rumo a um horizonte comum que a permite caminhar. Muito parecida com esse animal, temos a popular figura da Bernunça: muitos pés que dão força para engolir tudo aquilo que se coloca em seu caminho. Inspiradas nisso e na força que temos resistindo articuladas contra os poderosos, que chamamos inicialmente nossa organização coletiva de Centospé.
Surgimos naquele momento em um cenário de retirada de direitos, em meio às ocupações estudantis na UFSC do final de 2016, com a recusa de fazer a luta estudantil servir a estratégias eleitorais ou projetos de conciliação com nossos inimigos de classe. Somos fruto daquela rebeldia estudantil que marcou o país, insurgência que semeou novas concepções e práticas para a luta popular. Nascemos da vontade coletiva de sentar o pé em quem nos explora e oprime, quantos pés forem necessários para derrubá-los!
Neste momento de greve estudantil, em meio a mais uma intensa jornada de lutas dentro da universidade, a Coletiva Centospé muda seu nome para Resistência Popular Estudantil. Com o povo na rua, pra resistir e pra lutar, a Resistência Popular existe há mais de vinte anos com atuação estudantil, sindical e comunitária, em diferentes cidades do Brasil. Em Florianópolis, nos somamos agora a essa história, buscando avançar a articulação nacional de um campo da militância estudantil com os seguintes princípios:
O anticapitalismo, tendo em vista que a base desse sistema é a exploração de poucos sobre muitas pessoas, sendo possível apenas com a existência da propriedade privada e a desigualdade social.
A autonomia do grupo e o compromisso coletivo com os acordos e decisões internas, sem permitir que os rumos de nossas mobilizações sejam escolhidos por reitorias e direções, partidos políticos, interesses do capital privado ou grupos que querem falar em nome da luta social. Enquanto parte do povo, resistiremos lado a lado aos demais setores oprimidos da sociedade.
A autogestão, em que todas as decisões são tomadas coletivamente, com diálogo e sem cargos hierárquicos, princípio que defendemos em todos os espaços do movimento estudantil, assim como a construção pela base, dedicando esforços nas salas de aula, nos cursos e na construção das entidades de base como espaços para mobilizar as lutas.
A ação direta, que significa nos colocar enquanto sujeitos e fazer com nossos próprios pés e mãos a nossa luta e resistência. Ação direta é a arma que nós temos pra fazer justiça pra viver!
A solidariedade de classe com trabalhadoras, trabalhadores e demais setores que resistem à dominação e opressão, categorias dentro e fora da universidade.
O combate às várias formas de opressões estruturais, como o racismo, o machismo, a transfobia e a LGBfobia, reconhecendo também que há necessidade de visibilizar e combater outras formas de opressão.
A autocrítica como prática interna permanente, uma ferramenta de aprendizado político e também uma responsabilidade externa com o movimento estudantil.
A Resistência Popular Estudantil – Floripa, ou apenas RP, aglutina estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), construindo mobilização de base na graduação e na pós-graduação, além de somar esforços junto a outros movimentos sociais e manifestações da cidade.
A história são as pobres que a fazem e a vitória está na mão de quem luta! Convidamos estudantes que tenham afinidade com nossas práticas e princípios para militarmos juntas, em todos os cursos, por um movimento estudantil combativo, construído pela base e nas reivindicações por acesso e permanência na universidade, assim como no enfrentamento junto às estudantes contra as opressões estruturais. Lutar, por fim, na disputa por uma Universidade que sirva aos interesses do povo e junto a outros setores das classes oprimidas dentro e fora das universidades.
MAIS FORTES SÃO OS PODERES DO POVO!
Setembro de 2019,
Resistência Popular Estudantil – Floripa