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UFSC: Se for, vá na luta

A universidade tá começando o ano tipo Bacurau. Já assistiu?

Protagonizamos algumas das lutas mais importantes do país em 2019. Contra a destruição ultraliberal e fundamentalista, oferecemos as maiores assembleias da história da UFSC e uma grande greve estudantil construída pela base, mesmo sem o apoio das grandes entidades estudantis nacionais. Durante o recesso de nossas aulas, na surdina, Bolsonaro e sua trupe tomaram medidas que podem significar um golpe fatal em nossas universidades e na produção científica. A verdade é que todo o seu governo se une no ódio a nós, as pessoas pobres que utilizam os serviços públicos. O que precisamos fazer em 2020 é massificar e radicalizar. Calouras e calouros que estão chegando, já entrem avisadas. Se vierem, venham para a luta.

Durante as férias, no início deste ano, o Governo Federal instruiu às Instituições Federais de Ensino Superior suspender a contratação dos servidores por tempo indeterminado, interrompendo o prosseguimento de concursos e processos seletivos e deixando nossas universidades e institutos federais desfalcadas para o início do ano letivo.

Temos 17 Colégios de Aplicação espalhados pelo país e todos estão sentindo o impacto causado pela falta de professores. Foi preciso adiar o início das aulas em muitas escolas; em outras, o funcionamento é parcial, com estudantes sem aulas em diversas disciplinas. Aqui na UFSC a situação não é diferente. Com o quadro docente incompleto, a educação básica está com aulas de Arte, História, Português e Educação Física comprometidas. Com afastamentos e términos de contrato em março, o cenário do Colégio de Aplicação irá se agravar ainda mais. Em nosso Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI), que atende crianças de 0 a 6 anos, o horário de atendimento já foi reduzido em 50 minutos, garantindo o atendimento mediante à reorganização e a sobrecarga de trabalho das servidoras da instituição. Na graduação estão faltando cerca de 100 professoras para as aulas que começam nesta semana e disciplinas serão canceladas.

O rombo no orçamento das Universidades Públicas para 2020 é ainda mais profundo: a redução chega a 40%! O governo não fala agora em corte ou congelamento, mas inventa novas figuras retóricas; as palavras da vez são aprovisionamento técnico e orçamento condicionado. Outra vez, as dificuldades irão recair sobre a comunidade escolar, afetando a qualidade da merenda e dos materiais disponíveis às atividades pedagógicas.

Neste início de março haverá a redução (mais de 50%) no montante de bolsas destinadas à estudantes de graduação, que no Aplicação e NDI realizam atividades formativas, auxiliando nas dinâmicas de sala de aula, oferecendo suporte às crianças pequenas e ao público alvo da educação especializada. Já imaginou apenas uma professora em sala de aula para 15 bebês?

A justificativa de parte dessas medidas está na aprovação da Lei Orçamentária Anual, que estabelece o limite de gastos da União. No entanto, essa armadilha está colocada desde a Emenda Constitucional 95 de Temer, que congela os investimentos da saúde e educação, nos asfixiando mais a cada ano. Bolsonaro, que é um Michel Temer piorado, não questiona o teto de gastos, apenas oferece precarização e privatizações como solução. Neste ano, ainda tenta responsabilizar as universidades pelo fim das contratações e pela gestão da crise, colocando nas costas das trabalhadoras e estudantes os graves prejuízos. Não vamos precarizar nossas vidas para satisfazer banqueiros e políticos!

Embora o Conselho Universitário tenha deliberado a continuidade das contratações, nada está garantido. Contra a brutalidade dos de cima, não serão suficientes abaixo-assinados, ofícios, petições, audiências públicas, pressão parlamentar. Também não será com a ANDIFES, a Reitoria ou outras instâncias institucionais que poderemos organizar a resposta necessária. Precisamos nos reunir através de nossos instrumentos de luta, em pé de igualdade entre estudantes e/ou trabalhadoras.

Já temos um calendário nacional de mobilização: o ato do 8M no dia 09/3; a memória ao assassinato de Marielle no dia 14/3; e o dia nacional de paralisação dos serviços públicos, no dia 18/3. Fortalecendo e radicalizando os atos de rua, pressionamos pela construção de uma greve geral de tempo indeterminado. Aumentando o nível de nossa organização nas bases, garantimos que ninguém decidirá nossos rumos em nosso nome.

NÃO PRECARIZARÃO NOSSAS VIDAS!
EM 2020 SEJAMOS INGOVERNÁVEIS!

Que o 13 de agosto inicie mais lutas!

Passados oito meses de governo Bolsonaro já fica muito evidente a serviço de quem Bolsonaro, Paulo Guedes, Onyx Lorenzoni e companhia trabalham: dos banqueiros, latifundiários e grandes empresários. É um governo sem vergonha e sem nenhum compromisso conosco, trabalhadoras e trabalhadores. Por isso amarga a pior popularidade de um presidente eleito na história do Brasil. Também não é para menos, já que o presidente, junto com a bandidagem que tomou conta do Congresso, aplica duros ataques sobre nós.

Vendem nossos recursos naturais a preço de banana, desmontam o SUS, não resolvem o problema da violência urbana, congelam nossos salários, nos jogam no desemprego e ainda querem que trabalhemos até morrer!!

Não pode restar dúvida: este governo é nosso inimigo e quer que o chicote da crise arda em nossas costas enquanto os banqueiros lucram mais e mais!! Por isso faz questão de aprovar uma reforma da previdência que atinge diretamente as pessoas mais pobres, as viúvas, as pessoas idosas na miséria, jovens, profes, em resumo: trabalhadores e trabalhadoras.

Bolsonaro e sua quadrilha também têm cortado dinheiro da educação, da saúde, da segurança e do saneamento repetidas vezes ao longo do ano. Se hoje não encontramos médicas e recursos nos hospitais, se cada dia que passa mais creches são fechadas e tem menos professoras nas escolas, se a cada dia a violência urbana explode é porque esse governo tem cortado verba dessas áreas, seguindo a mesma receita de ajuste fiscal de Michel Temer e de Dilma em 2015, quando os cortes na educação já foram significativos. Esses cortes se intensificaram com a PEC do Fim do Mundo aprovada no governo de Temer e, agora, Bolsonaro dá continuidade ao ajuste fiscal: já cortou 6 bilhões da educação esse ano, tanto das universidades e institutos federais quanto das escolas, e até mesmo o FUNDEB esta ameaçado.

FUTURE-SE

Depois dos cortes de verbas que comprometem o funcionamento das universidades federais neste segundo semestre, o MEC apareceu agora com o projeto “Future-se”. O programa tem como objetivo alterar os repasses de verba para a rede federal de ensino, desobrigando o Estado a arcar diretamente com o investimento, através da criação do “fundo future-se”. Para ter acesso a esse fundo, as universidades deverão buscar a iniciativa privada através de venda de pesquisas, fundos de investimento, parcerias público-privadas e privatização do patrimônio imobiliário delas, alterando os eixos que sustentam o caráter público e socialmente referenciado das instituições. Por isso o programa pode ser tratado como o cavalo de tróia da privatização, sendo questão de tempo para que o debate sobre mensalidade possa surgir também na graduação, já que na pós, especialmente na pós lato sensu, a cobrança de mensalidade já é uma realidade triste.

Além de jogar as universidades, IFs e CEFETs numa competição entre si para obter recursos, o progrma entrega a gestão das instituições nas mãos de Organizações Sociais, que nem precisarão passar por chamamento público. Com isso, há um nítido esvaziamento dos espaços colegiados: as decisões passarão a ser tomadas por um grupo de empresários e investidores interessados no lucro, não numa educação em defesa dos interesses da classe trabalhadora. Estas OS poderão, inclusive, realizar contrato de professores, que estarão diretamente voltados para a pesquisa de interesse do setor privado, destruindo o tripé ensino-pesquisa-extensão e a estabilidade dos servidores e servidoras públicas.

O programa não fala nada sobre assistência estudantil, deixando bem evidente que a permanência e a formação de estudantes não é uma preocupação desse governo. Durante o anúncio do projeto, o próprio ministro disse que nesse novo modelo a maioria de nós será jogada ao fracasso, para que uns poucos possam triunfar e enriquecer. No lugar de assistência estudantil, o future-se reserva para nós a disputa por subempregos e estágios sem direitos com bolsas pagas por empresas. Ou seja, future-se quer dizer fature-se, sucateia-se, vende-se, vire-se!

CONSTRUIR A GREVE NACIONAL DA EDUCAÇÃO NO DIA 13 DE AGOSTO

As tendências estudantis que assinam este texto se identificam com a classe trabalhadora. Um dos princípios que compartilhamos é a solidariedade de classe. Então chamamos atenção pro fato de que as pessoas mais afetadas pelos ataques do capitalismo governamental serão as trabalhadoras terceirizadas, que já vêm sendo demitidas desde o início do ano por causa desses cortes. A maioria dos campi já não tem RU (o que é uma marca do modelo REUNI) e os que ainda têm estão correndo o risco de perdêlos.

A solução para os nossos problemas não vai vir de cima, de algum governo ou empresa privada. É somente através da ação direta, da autogestão e da organização pela base que poderemos constuir a oposição a este governo e barrar estes ataques. Nós, estudantes, trabalhadores e trabalhadoras, tanto da graduação quanto da pós, tanto de universidades públicas quanto privadas, somos capazes de decidir sobre o que é melhor pra nós mesmas de modo horizontal, autônomo e com democracia direta.

Por isso, dia 13 de agosto devemos construiruma forte greve nacional da educação, repetindo o já realizado nos dias 15 e 30 de maio. Para barrar não só o future-se, mas também a reforma da previdência e os cortes.

E que o dia 13 de agosto sirva de ponto de partida para um calendário de lutas, que tome o exemplo dos companheiros e companheiras da educação do estado do Mato Grosso que já estão em greve há mais de 60 dias, que siga o exemplo das ocupações de indígenas na Sesai no país inteiro, e também a ocupação na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Que o dia 13 de agosto aponte para a construção de uma Greve Geral, para parar a educação, o setor produtivo, o transporte e mostrar para nossos inimigos que não aceitaremos a retirada de nossos direitos.

SOLIDARIEDADE DE CLASSE ENTRE ESTUDANTES E TRABALHADORAS!

POR UMA GREVE GERAL PROLONGADA!

MOSTRAR NAS RUAS A FORÇA POPULAR!

ASSINAM ESSA NOTA:
Autonomia Estudantil – MT
Coletiva Centospé – SC
Juventude Rosa Negra – MG
Resistência Popular – AL
Resistência Popular – RJ
Resistência Popular – SP
Resistência Popular Estudantil – RS

Nota de solidariedade às lutadoras da UDESC

A administração central da UDESC solicitou à Procuradoria Geral do Estado (PGE-SC) a abertura de uma sindicância para descobrir quem participou do fechamento do Campus I, em Florianópolis, no dia 14 de junho, durante a mais recente Greve Geral.

Com isso, a reitoria de Marcus Tomasi demonstra de forma explícita que prefere atacar quem está ao lado da universidade, suas trabalhadoras e estudantes, do que se indispor com os governos federal e estadual, ambos na mão do PSL, que vem implementando um projeto de desmonte brutal do que ainda resta de serviços públicos no país. Quem está ameaçando o direito de estudar não são as lutadoras do 14 de junho, mas os governos que retiram investimentos das universidades públicas federais e também estaduais. Quem está impedindo o direito de trabalhar são os patrões e governos que gerenciam o atual cenário de retirada de direitos e ampliação do desemprego para aumentar seus lucros. Quem realmente planeja impedir o direito de ir e vir são aqueles que defendem a Reforma da Previdência, que nos obrigará a trabalhar até morrer, ou aqueles que apoiam o Pacote Anticrime de Moro, que planeja dar plena licença para a polícia matar, aumentando ainda mais o genocídio do povo negro e pobre promovido pelo Estado.

Ao buscar identificar quem se mobilizou para lutar contra a Reforma da Previdência e contra os bloqueios de verba na educação, ao invés de se juntar à luta pela educação pública e por uma previdência solidária, a administração central da UDESC está dizendo que protestar é crime e que as servidoras e estudantes que ousaram fazer greve no dia 14 de junho são suas inimigas.

Entendemos essa abertura de sindicância na UDESC como uma ameaça a quem faz luta estudantil e sindical na universidade e, dessa forma, uma ameaça também a todas nós lutadoras que construímos a Greve Geral em Florianópolis. As companheiras da UDESC que participaram das atividades do 14J sabem que nossos direitos só se conquistam com ação direta – foi assim que vencemos alguns dos ataques sofridos nos últimos anos e será assim que vamos resistir aos ataques atuais à educação e aposentadoria do povo.

Estivemos juntas nos grandes atos de maio deste ano, estivemos juntas na Greve Geral de 14J e estaremos juntas também nas próximas mobilizações. Enquanto houver universidade pública, lutaremos pra que ela seja do povo.

LUTAR NÃO É CRIME!

É BARRICADA, GREVE GERAL, AÇÃO DIRETA QUE DERRUBA O CAPITAL!

Leituras complementares:

Racista e antipovo: como o pacote anticrime de Sérgio Moro fortalece a política de criminalização de movimentos sociais, o genocídio do povo negro e o processo penal inquisitivo
https://reporterpopular.com.br/racista-e-antipovo-como-o-pacote-anticrime-de-sergio-moro-fortalece-a-politica-de-criminalizacao-de-movimentos-sociais-o-genocidio-do-povo-negro-e-o-processo-penal-inquisitivo/

[Parte 1] Como a reforma da previdência ataca direitos de trabalhadores/as e beneficia o mercado de capitais
https://reporterpopular.com.br/parte-1-como-a-reforma-da-previdencia-ataca-direitos-de-trabalhadores-as-e-beneficia-o-mercado-de-capitais/

Dia 15 de maio marca o início de um novo ciclo de lutas pela base
https://centospe.libertar.org/2019/05/14/dia-15-de-maio-marca-o-inicio-de-um-novo-ciclo-de-lutas-pela-base/

Dia 14 de junho é greve geral e povo na rua!

O momento é grave e demanda unidade com combatividade. Portanto, fazemos ecoar esse chamado de todos os nossos locais de atuação até onde chegar nossa voz.

Não temos qualquer pretensão de defender outra coisa que não seja o fortalecimento do povo organizado como o protagonista do processo político. Estamos plenamente convictos de que é somente através da resistência dos de baixo, que podemos vislumbrar um novo horizonte onde caibam os nossos sonhos.

Por isso, nossa militância vem construindo esta Greve Geral nas bases dos nossos locais de atuação, amplificando a participação popular, para, no dia 14, enfrentarmos a reforma da previdência, o mais duro ataque que o governo tenta aplicar sobre nós e os cortes na educação.

Este dia 14 cumpre um importante papel no processo de construção de um povo forte. Trabalhadores e estudantes mostramos muita disposição para a luta nos dias 30/5 e 15/5! Nos vemos diante um processo de ascensão do movimento de massas, que pode abrir novas e melhores possibilidades para o nosso povo tão sofrido. Mas para isso as centrais sindicais não podem recuar neste momento, devem sim, chamar novas Greves Gerais, que surjam como resultado de assembleias das categorias através da DEMOCRACIA DIRETA, que apontem para a unificação de nossas forças através da SOLIDARIEDADE DE CLASSE e que faça florescer piquetes, atos de rua, paralisações nos quais assumamos por nossas mãos o nosso destino através da AÇÃO DIRETA.

Portanto no dia 14/6 estaremos presentes em Alagoas, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina. Ombro a ombro com ações protagonizadas pelos de baixo. Fortalecendo essa enorme movimentação, mas trabalhando também pela construção da paralisação completa do país, pelo tempo que for necessário para impedir todos os ataques do governo e dos patrões contra a nossa classe.

Não à destruição da previdência!
Contra os cortes na educação!
Lutar, criar, poder popular!

Assinam este chamado:
Autonomia e Luta – MT
Coletiva Centospé – SC
Coletivo Quebrando Muros- PR
Juventude Rosa Negra – MG
Resistência Popular – AL
Resistência Popular – RS
Resistência Popular – RJ
Resistência Popular – SP

#14J
#GreveGeral

#30M: Defender nas ruas a educação e a aposentadoria!

Dia 30 de maio encheremos as ruas de todo o país novamente para barrar os cortes na educação e a reforma da previdência.

RUMO À GREVE GERAL! #14J
LUTAR, CRIAR PODER POPULAR!

Coletiva Centospé
Coletivo Quebrando Muros
Resistência Popular Estudantil – Marília
Resistência Popular Estudantil – Porto Alegre
Resistência Popular Estudantil – Rio de Janeiro

Sobre o ato das Centrais Sindicais (30/05) e a construção da greve geral

A Coletiva Centospé esteve presente hoje no ato no Centro da cidade, convocado pelas centrais sindicais CUT, CTB e Intersindical. No entanto, fizemos um chamado independente para a manifestação, pontuando algumas diferenças de pauta e horizonte. Por isso, aproveitamos para compartilhar nossa avaliação do ato de hoje com as companheiras e companheiros que estiveram presentes.

1. As Centrais acertaram em marcar um ato de rua em defesa da Petrobrás, da greve dos petroleiros e contra as propostas de intervenção militar, pautas fundamentais que nos fizeram ir para as ruas também. No entanto, erraram ao não pautar o apoio à greve dos caminhoneiros, ao colocar as eleições como horizonte para a reivindicação popular e, principalmente, por não defender a construção de uma greve geral.

2. A única forma de atender as reivindicações da greve de caminhoneiras e caminhoneiros é mudando a política de preços da Petrobrás. Por esse motivo, quando a greve se manteve firme, ela se colocou diretamente em oposição ao projeto de Temer, dos partidos de direita e, principalmente, dos interesses do mercado. Mesmo com algum apoio aos militares entre a categoria, as Forças Armadas estão atuando por todo o país na repressão dos caminhoneiros e de seus apoiadores, como aconteceu ontem em Biguaçu e como ameaça acontecer a qualquer momento na Palhoça. Nenhuma palavra foi dita pelas Centrais em repúdio à repressão que sofrem os caminhoneiros, o que é inadmissível.

3. O anúncio de um novo aumento no preço da gasolina, resultado da política privatista de Pedro Parente na Petrobrás, a mando do Governo Temer, é um desaforo a toda a classe trabalhadora. Se eles podem rir da nossa cara dessa forma, é apenas por sua confiança de que passarão impunes neste momento em que a greve dos caminhoneiros começa a perder força. A maior arma da classe trabalhadora é seu poder de parar a produção, como os caminhoneiros demonstraram de forma impressionante. Por isso, esse aumento da gasolina no dia de hoje é mais um motivo pela defesa aberta e consequente construção da greve geral em defesa de nossas empresas públicas e da redução do custo de vida de todo o povo. Essa tarefa não pode cair apenas nas costas de uma categoria ou de outra, ela exige ação unitária e esse é o papel que as centrais sindicais deveriam cumprir.

4. O ato de hoje teve dois momentos bem diferentes. Na concentração, enquanto predominava o carro de som com músicas e falas de lideranças sindicais e partidárias, a pauta se manteve presa às linhas tiradas entre as Centrais. No entanto, quando tomamos as ruas e a bateria entrou em cena, sem o carro de som, abrimos espaço para as palavras de ordem da manifestação e foi possível perceber que os anseios do povo na marcha eram bem diferentes. Cantamos em solidariedade aos caminhoneiros, como pauta imediata e urgente nesse momento, mas também cantamos pela greve geral e pelo poder popular como nossos horizontes. O ato foi curto, mas conseguimos colocar nossa palavra na rua.

Apesar da tentativa da mídia corporativa em pintar o fim da greve dos caminhoneiros, sabemos que ainda há muita gente parada e uma grande expectativa pela greve dos petroleiros e de outras categorias que estão se mobilizando. Consideramos que temos muito trabalho de agitação e luta para fazer nos próximos dias, centrando forças no apoio às greves e na defesa de uma nova política de preços para a Petrobrás, contra o seu processo de privatização. Essa luta precisa de nossas táticas mais eficientes, que são os atos, greves e ocupações, aliados a nossos princípios de organização, ação direta e solidariedade de classe.

MAIS FORTES SÃO OS PODERES DO POVO!

Coletiva Centospé

30/05 | ATO EM DEFESA DAS/OS CAMINHONEIRAS/OS E PELA CONSTRUÇÃO DA GREVE GERAL

Chamamos todas e todos para um ato nesta quarta (30), com concentração no Largo da Catedral, Centro, às 15h.

– Todo apoio à greve das caminhoneiras e caminhoneiros!
– Pela mudança da política de preços da Petrobrás para baratear os combustíveis!
– Fora Pedro Parente e sua política de submissão ao mercado internacional e privatização da Petrobrás!
– Contra a repressão às greves e contra a Garantia de Lei e Ordem (GLO) exigida pelo Exército!
– Pela redução dos custos de vida de toda a classe trabalhadora!
– Pela Petrobrás 100% pública, a serviço do povo!
– Pela construção de uma Greve Geral por nenhum direito a menos!
– Contra intervenção militar, intervenção popular já!

É PELA BASE! É RADICAL! TRABALHADOR TEM QUE FAZER GREVE GERAL!

MAIS FORTES SÃO OS PODERES DO POVO!

Evento no Facebook

O MOVIMENTO ESTUDANTIL PRECISA ESTAR JUNTO AOS CAMINHONEIROS NA CONSTRUÇÃO DA GREVE GERAL

Nós, da Coletiva Centospé, nos colocamos ao lado das/dos caminhoneiras/os em greve e contra as tentativas de oferecer soluções falsas para seus problemas. A greve iniciada por esse setor demonstra a força da classe trabalhadora e seu poder de construir a própria história através da ação direta. Devemos, neste momento, somar à luta das/dos caminhoneiras/os através da paralisação de outras categorias, e construir enfim uma greve geral forte, popular e de base, capaz de combater as investidas neoliberais nos direitos das/dos trabalhadores/as.

O que é a greve?

No dia 15 de maio de 2018, em decorrência dos sucessivos aumentos no preço dos combustíveis em um curto espaço de tempo, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) encaminhou um ofício ao governo federal solicitando atendimento de demandas urgentes, incluindo o congelamento do preço do diesel. Como o governo se recusava a dialogar, a entidade começou a mobilizar a categoria no dia 18 para uma paralisação a partir do dia 21. Posteriormente, aderiram à paralisação as transportadoras, que prometeram não penalizar os funcionários nem realizar cortes salariais ou demissões. A greve conta com grande apoio nacional, já que a alta do preço dos combustíveis afeta a vida de grande parte dos brasileiros. No dia 21, rodovias do país foram bloqueadas em diversos estados e, desde então, o movimento teve adesão de mais trabalhadoras/es do setor, assim como o apoio de outras categorias, como as/os petroleiras/os.

Os aumentos no preço dos combustíveis têm sido constantes nos últimos anos, intensificados desde que o atual presidente da Petrobrás, Pedro Parente, atrelou o preço que pagamos por eles no país às variações do mercado global. Assim, não garante o melhor preço para o mercado interno da própria Petrobrás – empresa de capital aberto cujo principal acionista é o Governo Federal. Esse caráter de empresa estatal de economia mista acaba favorecendo somente alguns acionistas poderosos, além das empresas de capital internacional, pois aumenta nossa importação dos derivados de petróleo a um custo mais alto do que pagamos quando produzimos aqui. As refinarias da Petrobrás operam, nesse momento, com apenas 70% de sua capacidade, sem falar que o Governo Temer privatizou quatro refinarias no mês passado. O nome Petrobrás, aliás, nós escrevemos com acento, como sempre foi na língua do povo, antes do acento ter sido tirado para agradar os leitores estrangeiros nos anos 1990.

Importante ressaltar que Pedro Parente não só é o conhecido “ministro do apagão” – comandou o Ministério de Minas e Energia durante a crise de energia elétrica no início dos anos 2000 – mas já foi consultor do Fundo Monetário Internacional (FMI) e é próximo de especuladoras internacionais, como a estadunidense JP Morgan. Tanto o FMI quanto a JP Morgan estão por trás de diversas façanhas neoliberais no Brasil nos últimos anos. Como se não bastasse, Parente ainda é dono de uma empresa que tem como intuito “cuidar e zelar por um grupo seleto de famílias que aspiram perenizar e crescer seu patrimônio”, ou seja, perpetuar as desigualdades do capitalismo.

A greve: uma disputa

A solução divulgada nas grandes mídias para a principal demanda da greve é a redução dos impostos, o que beneficiaria diretamente os patrões e empresários do petróleo, sem representar uma garantia duradoura de conquista para os caminhoneiros, visto que os preços podem continuar aumentando. O governo tentou negociar com lideranças sindicais patronais e de autônomos, divulgando que houve acordo para o fim da greve depois de uma proposta rejeitada amplamente pela categoria. Essa é uma tática conhecida dos poderosos: dialogar com “representantes” do movimento para gerar acordos que possam legitimar o uso da força contra as/os trabalhadoras/es da base, cuja maioria neste caso não reconhece estes acordos e pretende continuar com os piquetes e trancamentos nas estradas. Agora, o governo cedeu uma redução de 10% (R$0,46) no litro do diesel por sessenta dias, mas a maioria da categoria se mantém em luta.

Como a pauta concreta desta greve são os custos de trabalho e de vida das/dos caminhoneiras/os, temos aí uma reivindicação com potencial de atingir toda a classe trabalhadora. Neste momento de disputa ideológica, a participação da esquerda junto aos pontos de greve é importante, mas precisa ser feita de forma coletiva e qualificada, garantindo a autonomia da categoria. A extrema-direita tem tentado colonizar o espaço sem escrúpulos, colocando faixas nos piquetes dos caminhoneiros para saídas autoritárias, como intervenção militar, que não são capazes de resolver os problemas que o povo brasileiro enfrenta. Não podemos retroceder e nos submeter ao autoritarismo, a repressões e massacres, como os já sofridos durante as ditaduras vividas em nossa América Latina, ignorando a história recente e deixando que ela se repita.

Neste momento, é papel da esquerda questionar as pautas da redução de impostos e da intervenção militar, e desmascarar a extrema-direita e os patrões oportunistas. Reduzir os impostos não vai reduzir o preço dos combustíveis a longo prazo, pelo contrário: enquanto eles estiverem atrelados ao mercado internacional, vão continuar subindo se o preço do barril subir. A única solução efetiva para reduzir o custo é fazer a Petrobrás voltar a controlar os preços, beneficiando o povo pobre e não os acionistas. Para fazer isso acontecer, a classe trabalhadora e movimentos populares devem se mobilizar em seus espaços de atuação, posicionando-se em solidariedade à greve, e construindo uma agenda política de greves, mobilizações nos bairros e atos com essas pautas.

O governo, na figura de Temer e de seus aliados, também não está interessado em negociar as pautas das/dos trabalhadoras/es do petróleo, que começam uma grande mobilização e greve nesse momento. Para Temer, o fundamental é o apoio do capital financeiro em sua busca para privatizar a Petrobrás, como já tem feito, cedendo a exploração de poços de petróleo para empresas estrangeiras e vendendo nossas refinarias. O mesmo pode ser dito de outros grupos supostamente apoiadores da greve, como políticos com interesse eleitoral e que desejam o apoio popular. Nesse grupo estão muitos militares, que também buscam legitimidade para seu projeto autoritário e repressor de qualquer reivindicação popular.

Mas então, quem pode resolver as exigências da greve?

É o povo unido em luta! Ninguém lá em cima tem interesse em fazer o que precisa ser feito. Só vai acontecer quando nós, os de baixo, os obrigarmos. O poder da classe trabalhadora não está no voto, está na capacidade de parar a produção, como estão ensinando as/os caminhoneiras/os e as/os petroleiras/os. É hora de dar todo apoio e construir uma greve geral em defesa da Petrobrás 100% pública, com uma nova política de preços, contra o aumento dos custos de vida do povo pobre e contra qualquer saída autoritária. A única solução para a luta das/os caminhoneiras/os está junto ao resto da classe trabalhadora, junto aos sindicatos e movimentos sociais que não têm rabo preso com o poder, defendendo a mesma pauta que eles.

Um chamado à greve geral

Após sete dias de greve das/os caminhoneiras/os, o impacto na economia foi de mais de 10 bilhões de reais. Essa é a força da classe trabalhadora! Uma greve geral, neste momento, é o que pode deixar Temer sem opção, a não ser aceitar as demandas por uma nova política de preços na Petrobrás e pela redução do custo de vida de todas e todos nós. Saudamos a construção da greve nacional das/dos petroleiras/os, a paralisação das/dos trabalhadoras/es do transporte de Florianópolis e todas as outras categorias que estão se mobilizando para a luta por todo o país. É a hora de construir o futuro que queremos, o tempo urge!

CONTRA O AUMENTO DO CUSTO DE VIDA!
EM DEFESA DA PETROBRÁS 100% PÚBLICA!
MAIS FORTES SÃO OS PODERES DO POVO!

Coletiva Centospé,
29 de maio de 2018.