Category Archives: Pós-Graduação

Nota da APG-UFSC sobre a Audiência Pública “Ciência, tecnologia e inovação como política de Estado em Santa Catarina”

Texto publicado na página da APG-UFSC em 19/06/2018.

Nós da Associação de Pós-Graduandos da Universidade Federal de Santa Catarina (APG-UFSC) temos convidado, nas últimas semanas, as/os pós-graduandas/os para a Audiência Pública organizada pela seccional catarinense da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC-SC) no Plenarinho da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (ALESC) para o dia 20 de junho, esta quarta-feira, às 9 da manhã.

A proposta da atividade é discutir, em especial, o insuficiente investimento em ciência e tecnologia por parte do estado catarinense; no entanto, entendemos que é preciso aprofundar o debate. Como nos informa a SBPC, é verdade que os governos catarinenses têm descumprido sua obrigação de investir 2% da receita estadual em ciência e tecnologia, segundo o Artigo 193 da Constituição de Santa Catarina. Mas a questão vai além de quanto se investe, pois é necessário pensar como esse investimento é distribuído entre as áreas, quais os critérios por trás das escolhas de investimento científico, quais as formas de controle social e a estrutura política a partir da qual tais decisões são tomadas. Por isso, a APG aponta alguns princípios que defende para a aplicação de uma política científica e tecnológica em Santa Catarina.

Investimento em educação, ciência e tecnologia

A formulação de uma política científica e tecnológica, bem como o investimento nessas áreas, é indissociável de uma política educacional e do financiamento da educação em nosso estado. Sabemos que no Brasil a maior parte da produção de conhecimento acadêmico se faz nas instituições públicas, a partir do investimento do Estado, característica que exige a consideração conjunta de ambas as áreas: sem a educação de nível superior, perde-se a maior parte de nossa produção de conhecimento. Esse modelo é muito importante para garantir a função social da ciência e da tecnologia, através de instituições democráticas e comprometidas de fato com a formação acadêmica, artística, cultural, científica e tecnológica. Assim, defender uma política científica e tecnológica deve ser, também, defender uma política de educação pública para o estado.

Consideramos essa ressalva necessária em contraponto à convocatória da atividade, onde o termo educaçãoestá ausente, enquanto se defende uma política para a inovação. Sabemos que, dentro das políticas de ciência e tecnologia, a defesa da inovação – um termo trazido do mundo empresarial para dentro das políticas públicas – atua como eufemismo para produção de conhecimento útil ao mercado. Contrariamente, defendemos que nossa ciência não deve responder às necessidades de grupos privados e à produção de lucro, mas sim à solução das principais demandas populares, em todas as áreas do conhecimento.

Desenvolvimento em todas as áreas do conhecimento

Chama atenção que o orçamento para ciência e tecnologia seja investido, por força da Constituição de Santa Catarina, “metade à pesquisa agropecuária”. É certo que essa área tem um papel importante na economia do estado, mas é justo fazer com que todas as demais áreas, ciências da saúde, engenharias, ciências sociais, humanas e áreas relacionadas a arte e cultura disputem pela metade restante? Consideramos que não.

Isso não revela apenas um favorecimento desproporcional a uma área científica em detrimento de outras, mas uma visão específica do papel que a ciência deve desempenhar entre os catarinenses: apenas garantir o investimento público em uma determinada atividade econômica, que é hegemonicamente privada. Santa Catarina não deve depender de apenas um ramo da economia. Sabemos que as necessidades do povo catarinense envolvem o saber produzido em todas as áreas do conhecimento. Essa política prejudicial, que privilegia enormemente apenas uma área, precisa mudar em direção a um investimento igualitário na produção de conhecimento em todas as áreas, que tenha como critério a contribuição à sociedade de determinado campo de conhecimento, não seu retorno financeiro e de “inovação”.

Controle social da política de ciência e tecnologia

O investimento em educação, ciência e tecnologia é uma decisão estratégica da sociedade em busca da superação das dificuldades que enfrenta. Por isso, não pode ser feita a portas fechadas, sob tutela exclusiva do Governo ou do mercado, assim como não pode ser feita apenas por representantes acadêmicos.

Por isso, reivindicamos espaço para as entidades científicas e acadêmicas em todas as instâncias de deliberação sobre a política científica e tecnológica. Além disso, é fundamental também a presença da representação popular nessas instâncias, que pode ser feita através entidades como sindicatos, movimentos sociais, associações comunitárias ou outras formas de organização da população civil. Uma política científica adequada ao povo catarinense só pode ser formulada ouvindo a população diretamente, para que ela possa apontar as necessidades sociais que devem pautar os critérios de quais pesquisas financiar, quais instituições, quais áreas e pesquisadoras/es.

Nossa posição

A APG-UFSC posiciona-se em defesa do cumprimento do Artigo 193, com aplicação mínima de 2% do orçamento estadual na ciência e tecnologia; na distribuição desse investimento de forma equilibrada entre as distintas áreas de produção do conhecimento, incluindo as ciências sociais, humanas e as linguagens; em defesa do financiamento estatal das instituições públicas de educação; em defesa da participação social nas instâncias de gestão e controle do financiamento de Educação, Ciência e Tecnologia; e em defesa de critérios sociais na política de alocação de recursos para a produção de conhecimento.

Associação de Pós-Graduandos da Universidade Federal de Santa Catarina

20 de junho de 2018

Atualização 21/06/2018: veja o vídeo de nosso posicionamento na Audiência Pública!

 

Eleições Reitoria e Carta de Reivindicações Discentes da Pós-Graduação

Publicação original na página da APG-UFSC em 21/03/2018

A consulta pública para a Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina aconteceu no dia 28 de março de 2018. A convite da APG, estudantes dos cursos de Pós-Graduação da UFSC construíram coletivamente uma carta de reivindicações a serem apresentadas aos candidatos, que passou por um processo inicial de levantamento de pautas de reivindicações via formulário online e posterior discussão e aprovação das mesmas em assembleia realizada no dia 14 de março de 2018. A carta pode ser acessada aqui.

Nota pública da Associação de Pós-Graduandos/as da UFSC sobre a resolução normativa nº 95/Cun/2017

Publicada na página da APG-UFSC em 18/04/2018.

A Associação dos Pós-Graduandos/as da UFSC (APG/UFSC) vem através da presente nota pública alertar e chamar à mobilização estudantes de pós-graduação para pontos extremamente preocupantes da Resolução nº 95/Cun/2017, que regulamenta a Pós-Graduação stricto sensu da UFSC e vêm trazendo diversos problemas aos programas de pós-graduação (PPG) da universidade, em especial aos/às discentes. Esta Resolução foi rediscutida por uma comissão criada no âmbito da Câmara de Pós-Graduação (CPG), da qual a gestão “Quem tem Coragem” da APG participa. As sugestões de alteração serão votadas em reunião da CPG que se realizará no final do mês de abril, para em seguida serem votadas em instâncias superiores da universidade e possivelmente entrarem em vigor. Apesar de nossa representação com direito a voto na CPG e na comissão em questão, estudantes são voto minoritário nas diferentes instâncias da UFSC, de modo que é necessário nos mobilizarmos para que nossas vozes sejam ouvidas.

O primeiro ponto considerado problemático na resolução diz respeito à representação estudantil nos colegiados plenos. A resolução manteve em seus Art. 8º e 9º a redação que garante espaço apenas para docentes e discentes, embora alguns Programas já incluam representação de servidores técnico-administrativos. Além disso, no Art. 8º estão previstos representantes discentes “na proporção de 1/5 (um quinto) dos membros docentes do colegiado pleno, desprezada a fração”. Isso significa que um colegiado com 15 docentes ou 19 docentes terá apenas 3 estudantes, o que representa entre 16,6% e 13,6% de participação no número total de cadeiras. Se um colegiado tiver representação de um servidor técnico e 14 docentes, o regimento prevê apenas dois estudantes, que irão compor apenas 12,5% do colegiado. A única limitação para aumentar a democracia nos órgãos colegiados dos programas é a Lei de Diretrizes de Base (LDB), que determina em seu artigo 56 uma participação mínima de 70% de docentes nos órgãos colegiados e comissões. Desta forma, reivindicamos que a participação de servidores técnicos e estudantes aconteça na proporção de até 30%, arredondando a quantidade de representantes para baixo de forma que não haja prejuízo frente à LDB, mas garantindo participação estudantil mínima de 20% do total de cadeiras nos colegiados plenos, sem que a fração seja arredondada para baixo. O mesmo princípio pode se aplicar aos colegiados delegados (Art. 9º), onde é fundamental garantir a representação mínima de dois discentes, contemplando estudantes de Mestrado e de Doutorado para programas que apresentem as duas modalidades, uma vez que a resolução deixa a forma de distribuição da representação discente neste órgão a critério dos programas.

O problema seguinte é o artigo 39, que trata da proficiência em idiomas, a qual todas e todos estudantes de pós-graduação da Universidade devem possuir. Este artigo aponta em seu parágrafo primeiro: “Os regimentos dos programas definirão o segundo idioma estrangeiro que será exigido, sendo o primeiro obrigatoriamente, o inglês”. Entendemos a obrigatoriedade da proficiência no idioma inglês para os estudantes de pós-graduação como uma imposição desnecessária. Tal imperativo possui um caráter colonialista, motivado pela submissão a métodos de avaliação acadêmica produzidos para beneficiar as potências do eixo EUA-Europa. Vale lembrar que o francês, outra língua europeia, já figurou como idioma diplomático e como língua franca acadêmica pelo mundo. É também conhecida a estatística que mostra o idioma inglês como a terceira língua mais falada no mundo, atrás do chinês (especificamente o mandarim) e do espanhol, respectivamente. Não discordamos da necessidade de um idioma estrangeiro para contato com a literatura internacional acerca da temática de pesquisa, tampouco no que diz respeito à sua importância na formação intelectual na pós-graduação; no entanto, muitas linhas de pesquisa de nossos PPGs se relacionam com línguas outras que não necessariamente o inglês. Além disso, embora haja variações significativas entre os campos de estudo, existe inquestionável produção de conhecimento de qualidade e referência em outras línguas. Tal obrigatoriedade reflete uma política enviesada de internacionalização da pós-graduação da universidade, que ignora a produção acadêmica de uma parte significativa dos países e reforça uma desigualdade geopolítica. Portanto, defendemos a liberdade de escolha dos idiomas dentro dos PPG e de acordo com a área de estudo e pesquisa do/a pós-graduando/a.

O terceiro problema da resolução são os artigos que dizem respeito às prorrogações de prazo e trancamento disponíveis aos alunos de mestrado. Na Resolução anterior, nº 05/Cun/2010, o aluno dispunha de no máximo 24 meses para concluir o mestrado, podendo trancar o curso por até doze meses, independentemente do motivo, e pedir até doze meses de prorrogação. Na Resolução nº 95/Cun/2017, lemos no artigo 29 que “Os cursos de mestrado terão duração mínima de 12 (doze) e máxima de 24 (vinte e quatro) meses” e no artigo 45 que “O fluxo do estudante nos cursos será definido nos termos do art. 29, podendo ser acrescido em até 50% (cinquenta por cento), mediante mecanismos de trancamento e prorrogação, excetuadas as licença maternidade e as licenças de saúde devidamente comprovadas por laudo da junta médica da UFSC”. Ou seja, estudantes de mestrado, que tinham direito a até doze meses de trancamento mais doze meses de prorrogação, perderam metade desse período, que deve ser dividido  entre as duas modalidades de afastamento. Sabemos que diversos problemas de ordem acadêmica ou pessoal, não apenas de saúde mas também referentes à impossibilidade de dedicação exclusiva às atividades de pós-graduação, podem acarretar o atraso do mestrado, e entendemos que o/a pós-graduando/a não deve ser penalizado/a por isso. Portanto, defendemos que o prazo máximo de acréscimo volte a ser o anterior, de doze meses de trancamento e mais doze meses de prorrogação, ressaltando que se tratam de prazos máximos, para afastamentos justificados, cujo poder de julgar tais solicitações razoáveis já é do próprio colegiado do Programa.

No artigo 51, chamamos atenção para a avaliação acerca do aproveitamento de disciplinas, que substituiu a atribuição de conceitos (A, B, C, E, I, T) por notas de 0 (zero) a 10 (dez) e definindo a nota 7,0 como a mínima para aprovação. Em alguns cursos de pós-graduação, foi relatado o aumento do número de reprovações dos alunos nas disciplinas e a redução das médias gerais. Nada indica que isso se deva a um menor rendimento estudantil, mas sim a complicações do novo modelo avaliativo, que prejudica até mesmo nossos Programas ao desqualificar os e as discentes de nossa pós-graduação. Entendemos que o sistema de notas proposto na resolução contribui para uma forma de avaliação seletiva e para o avanço de critérios e medidas meritocráticas no que diz respeito à vida acadêmica estudantil nos PPGs da UFSC. É de amplo conhecimento que a maioria dos PPGs definem a sua concessão de bolsas com base na classificação de seu processo seletivo. Essa mudança poderá fazer com que tal ranqueamento prossiga durante o curso do/a pós-graduando/a, a partir de sua nota no programa, o que se distancia mais ainda da importância de serem consideradas as demandas sociais na pós-graduação. Não reconhecemos os conceitos como o que existe de mais avançado no que diz respeito à avaliação educacional, mas entendemos que apresentam melhores possibilidades para avaliações capazes de levar em conta a realidade de cada estudante e seu processo de aprendizagem frente aos objetivos das disciplinas, sem tornar a avaliação excludente ou criar ranqueamentos.

Outro tema que sugerimos modificação na atual resolução é referente à entrega da versão final da dissertação ou tese, tratada no Art. 65. Atualmente, muitos programas exigem a assinatura física da banca para aprovação final do trabalho, o que muitas vezes implica enviar longos trabalhos para membros externos por correio, acarretando gastos para os e as estudantes e semanas ou até meses de demora na entrega; isso poderia ser resolvido acrescentando a possibilidade de utilizar a assinatura digitalizada do membro externo.

Ainda no que diz respeito ao processo de obtenção do título após a defesa,  a cobrança de multas por atraso de entrega da versão final da biblioteca tem gerado transtornos pelas dificuldades operacionais para seu funcionamento e entendemos que ela contraria a gratuidade do ensino da universidade pública, portanto deve ser revogada. A resolução que diz respeito às multas não é a CUn 95, porém, por esta ser a resolução que rege o funcionamento geral de todos os cursos de pós-graduação da universidade, defendemos a alteração do parágrafo 5 do artigo 65: onde se lê “A versão definitiva da dissertação ou tese deverá ser entregue na Biblioteca Universitária da UFSC.”, acrescentar “condição para a entrega do diploma. O atraso da entrega das versões finais não acarreta o pagamento de multas de qualquer espécie.”

Por fim, os artigos que tratam das disposições transitórias (artigos 67, 68 e 69) são nitidamente inconstitucionais na medida em que tornam retroativos os efeitos da Resolução. Em outras palavras, um estudante que ingressou em seu respectivo PPG nos anos anteriores, quando a Resolução Normativa n.° 05/CUN/2010 estava em vigor, é posto na condição de ter a resolução que rege sua vida acadêmica alterada e, pior, em seu prejuízo! Muda-se a regra do jogo no meio da partida. A Constituição Brasileira em seu artigo 5º e a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro em seu artigo 6º protegem atos jurídicos perfeitos, como o ingresso do estudante ao seu PPG, de retroatividade.

Diante do exposto, convidamos os e as estudantes de pós-graduação a construírem conosco a APG/UFSC, participando de nossas reuniões e atividades, bem como a discutirem a resolução em seus respectivos PPG, tendo por objetivo a mobilização para garantir a participação e a inclusão de propostas estudantis.

PÓS-GRADUAÇÃO DA UFSC POR ALTERAÇÕES NA RESOLUÇÃO 95!

Florianópolis, 18 de abril de 2018
Associação de Pós-Graduandos/as da UFSC – Gestão “Quem tem Coragem” 2017/2018

Eleições Reitoria e Carta de Reivindicações Discentes da Pós-Graduação

A consulta pública para a Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina aconteceu no dia 28 de março de 2018. A convite da APG, estudantes dos cursos de Pós-Graduação da UFSC construíram coletivamente uma carta de reivindicações que foi apresentadas aos candidatos, que passou por um processo inicial de levantamento de pautas de reivindicações via formulário online e posterior discussão e aprovação das mesmas em assembleia realizada no dia 14 de março de 2018. A carta pode ser acessada aqui.

Fonte: http://apg.ufsc.br/2018/03/21/eleicoes-reitoria-e-carta-de-reivindicacoes-discentes-da-pos-graduacao/

Manual do(a) pós-graduando(a) da APG-UFSC

Publicado na página da APG-UFSC em 26/02/2018

É com muita satisfação que a gestão “Quem Tem Coragem” da APG- UFSC apresenta o Manual do(a) pós-graduando(a). No material você pode encontrar informações importantes sobre a UFSC, como acessar o Restaurante Universitário, Biblioteca Universitária, sobre os direitos de deveres do(a) pós-graduando(a), debate sobre assédio e saúde mental na pós-graduação, entre outros.

[EDIT] A aula inaugural do dia 6 de março, constante no calendário de atividades ao fim do manual, foi ADIADA! Em breve faremos nova divulgação.

CLIQUE AQUI PARA ACESSAR O MANUAL

Carta da APG-UFSC aos Movimentos Sociais

Texto publicado na página da APG-UFSC em 23/01/2018.

CARTA AOS MOVIMENTOS SOCIAIS

A gestão “Quem tem coragem!” assumiu a Associação de Pós-Graduandos da UFSC em novembro de 2017, por um mandato de um ano. A APG é a entidade de estudantes de especialização, mestrado profissional, mestrado acadêmico e doutorado de todos os campi da UFSC. Para nós, a APG deve ser um instrumento de luta que impulsione o movimento estudantil em suas pautas por nossos direitos, mas deve ser também uma ferramenta de disputa pelo sentido da Universidade pública.

A UFSC é de todo o povo, mas historicamente serviu mais para formar as elites do que para olhar para as necessidades da classe trabalhadora e dos oprimidos em geral. Essa instituição tem um orçamento comparável às maiores cidades do Estado e possui uma comunidade de cerca de 50 mil pessoas, entre trabalhadores(as) terceirizados(as), estudantes, servidores técnicos e servidores docentes. É essa comunidade que tem capacidade e responsabilidade de formar milhares de trabalhadores, publicar milhares de artigos de pesquisa e realizar inúmeras iniciativas de extensão todos os anos, criações que podem estar a serviço da manutenção das desigualdades sociais ou a serviço da emancipação.

Além disso, a UFSC tem legitimidade para participar de inúmeros espaços de formulação de políticas públicas e participar de conselhos: citamos como dois exemplos dessa importância a participação nos debates e lutas sobre o Plano Diretor de Florianópolis e sobre a implementação da Base Nacional Comum Curricular nas escolas, no contexto da Reforma de Ensino Médio. Por fim, ainda ressaltamos a potencialidade de organizar eventos, oferecer sua infraestrutura para iniciativas, co-gerir unidades de conservação, dar pareceres técnicos e políticos sobre questões fundamentais da sociedade, etc.

Por tudo isso, entendemos que a disputa pela Universidade é muito mais ampla do que nós, estudantes de pós, podemos alcançar. Essa luta é do conjunto dos oprimidos e só pode avançar lado a lado com os trabalhadores da UFSC e também com os movimentos sociais, sindicatos e entidades comunitárias. Enquanto APG, queremos colocar nossos esforços militantes e nossos espaços de representação estudantil na UFSC a disposição do diálogo com os movimentos externos e suas demandas. Entendemos que estudantes são parte do povo, compartilham das suas necessidades, suas reivindicações, e que, como disse Pedro Munhoz na música Quem tem coragem, “um mais um nunca é demais, é poesia, é gente”.

Associação de Pós-Graduandos UFSC
Gestão “Quem tem coragem!” 2017-2018

A APG defende a homologação já para a Terra Indígena Morro dos Cavalos!

Texto publicado na página da APG-UFSC em 27/12/2017.

Durante novembro e dezembro, a APG esteve construindo a rede de apoio aos guarani do Morro dos Cavalos (Palhoça), junto a outros movimentos sociais, sindicatos, pesquisadores e organizações políticas da nossa região. Estamos em um momento de solidariedade urgente, pela tensão dos ataques sofridos pelos guarani e pelo final do processo de demarcação da terra, que exige de nós uma forte campanha em defesa da homologação já.

A rede de apoio tem trabalhado junto às lideranças guarani no apoio jurídico, financeiro, organizando ações de divulgação, comunicação, conseguindo recursos e também na segurança. Nós, da APG, também convocamos reuniões de solidariedade aqui na UFSC, onde estiveram presentes mais de 30 estudantes e servidores, conseguindo o apoio de sindicatos da UFSC, de Centros Acadêmicos, montando pontos de doações de alimentos e divulgando a luta no Conselho Universitário e pelo campus. Seguiremos juntas e juntos à luta histórica guarani na região, até a vitória.

O Morro dos Cavalos é Terra Guarani!

Homologação já!

As lutas da pós-graduação na UFSC e o papel da APG

A Associação de Pós-Graduandos da UFSC é a entidade que representa e mobiliza estudantes de pós em todos os campi da UFSC, nas modalidades residência, especialização, mestrado acadêmico, mestrado profissionalizante e doutorado. Em 2016, éramos mais de 14 mil estudantes, dos quais cerca de 7 mil são de mestrado e doutorado acadêmico. Neste momento, a entidade está em processo eleitoral, em que concorre apenas a chapa “Quem tem coragem!“, que estamos construindo junto a outras estudantes de correntes de esquerda ou independentes.

No dia 16 de outubro, o jornal UFSC à Esquerda publicou um texto discutindo a importância da unidade nas lutas nesse período que vivemos e sugerindo que, por isso, a pós-graduação poderia estar dentro do DCE ao invés de organizada na APG. Nós, da Coletiva Centospé, gostaríamos de discutir essa proposta mais a fundo, apontar motivos para manter a APG enquanto entidade e, mais especificamente, explicar por que decidimos construir a chapa “Quem tem coragem!”.

Unidade sem luta, luta sem unidade

É verdade que a separação das entidades estudantis não é a única forma possível de organização estudantil, nem que será necessariamente a melhor opção em qualquer momento histórico. No aniversário de 100 anos da Greve Geral de 1917, lembramos das propostas do Sindicalismo Revolucionário, que estimulou a fundação de muitos de nossos primeiros sindicatos e foi responsável por muitas das maiores conquistas de nossa classe: antes do atrelamento dos sindicatos ao Estado, muitos deles foram ferramentas de luta que não eram restritas a uma única categoria. Com isso, promoviam a consciência e solidariedade de classe, inclusive realizando greves solidárias às reivindicações de outras categorias. Com isso, o Sindicalismo Revolucionário apontava para um método comum de luta, através da Greve Geral, e um horizonte de conquistas que contemplasse todas e todos os trabalhadores.

Também é verdade que estudantes de pós-graduação estão na mesma categoria que estudantes de graduação, embora muitas vezes não se reconheçam na luta do movimento estudantil. Porém, a questão é como superar essa situação e construir um movimento forte na pós, capaz de somar forças às demais lutas da Universidade. A realidade que enfrentamos como estudantes de pós envolve várias especificidades.

A forte pressão produtivista e a natureza da relação de orientação possibilitam formas muito próprias de assédio moral e sexual, estresse ou exaustão. Os dados sobre assédio e saúde mental na pós-graduação brasileira demonstram uma verdadeira epidemia. Ao contrário da graduação, geralmente não mantemos uma relação próxima com nossa turma de ingresso, particularmente após o primeiro ano de curso, e a realidade de uma ampla parcela de estudantes vindas de outras cidades conforma uma situação de grande isolamento: dentro do núcleo/laboratório ou mesmo na solidão junto a livros, artigos e computador.

As bolsas atuais, cujo valor não é diretamente vinculado às bolsas da graduação, são indignas para quem já dedicou vários anos aos estudos, na maioria dos casos trabalhou fora da Universidade e precisa, muitas vezes, sustentar uma família – o que certamente acontece na graduação também, mas não na mesma proporção. Com isso, a luta por bolsas se une à luta contra o desemprego ou a precarização de sub-empregos que acumulamos junto aos auxílios da CNPq e CAPES. Na prática, o trabalho científico no Brasil não é tratado como emprego, pois é feito majoritariamente por bolsistas – quando não é sustentado pelas famílias de quem pode pagar. Somos trabalhadoras e trabalhadores da produção de conhecimento, mas não temos direitos trabalhistas ou previdenciários básicos e recebemos muito menos do que nossos pares em outras profissões.

O tempo que estudantes de pós-graduação passam na Universidade – 2 anos no Mestrado, 4 anos no Doutorado, mas muitas vezes afastado em parte desse período – sugere outra dinâmica de organização, assim como o nível de exigências e tarefas acumuladas pelos motivos citados acima. Não é plausível, portanto, esperar o mesmo ritmo de militância que é comum na graduação, onde chegamos a realizar várias reuniões por semana. Atrasar disciplinas ou se organizar para ter “semestres mais leves” simplesmente não acontece.

Hoje a luta na pós-graduação é tocada principalmente por quem já participou do movimento estudantil na graduação e, muitas vezes, por quem ainda mantém vínculo e relação política com a luta de outras categorias da Universidade. Se, por um lado, este perfil é de um sujeito com experiência e compromisso, também é um perfil minoritário entre nossa categoria.

Se ainda não aproximamos setores mais amplos da pós-graduação nem temos uma cultura de luta bem consolidada, precisamos cultivá-la a partir do trabalho de base em cima das nossas demandas mais urgentes. Isso exige construir identidade com tantas e tantos estudantes que vivem as situações descritas acima e dedicar nosso tempo nessas lutas. Frente a essa situação, avaliamos que apenas somar nosso processo de organização ao DCE reforçaria muitas das dificuldades encontradas hoje para mobilizar a pós, pela diferença de pautas, pelo ritmo próprio e principalmente pela falta de identidade.

Não defendemos, com isso, que a unidade é indesejável, nem que o projeto de Universidade desenvolvido na luta da pós seja necessariamente distinto daquele construído entre as demais lutas sindicais ou estudantis da UFSC. O que apontamos como tarefa para o momento atual é mobilizar a partir das pautas mais imediatas e urgentes de nossa categoria como condição para criar cultura de luta, reforçar contatos, formar um caldo. A tarefa da militância é fazer a relação entre o imediato e o geral, entre as necessidades básicas que podem movimentar esse sujeito e o projeto mais amplo de Universidade, que disputaremos necessariamente junto às outras categorias. Ou seja, é nosso compromisso interpretar nossas lutas dentro de uma estratégia mais ampla e coletiva.

Confiamos menos na estratégia inversa, onde primeiro se estabelece a unidade por cima, para depois tentar mobilizar. É o processo concreto de reivindicações que demonstra da melhor forma a necessidade fundamental da articulação entre todos os setores de luta na Universidade. A partir do foco nas questões específicas de estudantes da pós, nossa mobilização pode inclusive avançar nas propostas e programas específicos de nossa realidade, dando uma contribuição mais sólida para o projeto de Universidade que precisamos construir enquanto setores oprimidos – estudantes secundaristas, de graduação, de pós-graduação, trabalhadoras e trabalhadores terceirizadas, servidoras e servidores técnicos e docentes, comunidades do entorno da Universidade e movimentos sociais da região.

APG para quê?

Até agora, defendemos a existência da APG enquanto entidade na presente conjuntura. Mas por que assumimos a tarefa de participar de uma chapa e fazer parte da gestão da entidade? O que esperamos que ela faça? Não podemos lutar da mesma forma sem a entidade?

Entendemos que é momento de reforçar as campanhas em defesa das Ações Afirmativas nos programas de pós-graduação, onde as políticas que buscam democratizar o acesso para estudantes negras e negros, indígenas e pobres ainda não chegaram ou tiveram pouco efeito. No entanto, alguns Programas pelo país já implementaram essas ações afirmativas, inclusive na UFSC, e vários outros estão no processo de reivindicação por elas, o que demonstra que é hora de avançar. Sem esses sujeitos em peso na pós, continuaremos com o perfil de quase totalidade de docentes brancas e brancos nas Universidades e não haverá produção de conhecimento verdadeiramente crítico e a serviço do povo.

Fora essa pauta que representaria uma nova conquista, estamos em uma conjuntura de resistência, de luta contra os retrocessos. Isso significa enfrentar os avanços do capital privado na Universidade, das parcerias público-privadas, convênios e também as medidas que anunciam a derrota do princípio de Universidade pública, como as cobranças nas pós-graduações. Temos necessárias lutas contra o produtivismo, assédios, na demanda por políticas de saúde mental, em defesa das bolsas, das políticas de permanência, enfim, tudo que aprovamos no programa de chapa. Fora isso, se queremos lutar pela produção de conhecimento a partir das necessidades populares, precisamos ser também um ponto de apoio aos movimentos sociais e comunidades que estão fora da Universidade, trazer suas demandas e projetos para dentro da instituição.

A direção da entidade não vai alcançar essas conquistas. Elas dependem de força social e disputa. Só a mobilização ampla da nossa categoria e a articulação com outros setores pode alcançá-las. É uma tarefa que envolve o conjunto de estudantes, mas que a entidade pode ajudar a mobilizar. Dentro do nosso contexto imediato, poucos programas de pós realizam suas assembleias ou se organizam além da escolha da representação discente. Foi a entidade que mobilizou as principais ações no último período, é ela que tem espaço de representação frente à instituição e que tem maior legitimidade e capacidade para fazer trabalho de base e puxar novas campanhas.

Nessa terça-feira (31) é a votação para a chapa “Quem tem coragem!”, através do site https://capg.ufsc.br. Embora sejamos chapa única, a declaração de apoio à chapa e a votação na terça-feira são importantes demonstrações de apoio para esse programa. Em tempos de retrocessos políticos, em que vemos a organização de setores conservadores e de extrema-direita na Universidade, é fundamental somar forças em um projeto popular, crítico e transformador. Quem tem coragem?

Vote “Quem tem coragem!”: https://www.facebook.com/events/150020025611411/

 

01/09 | Audiência Pública com o Reitor sobre a Pós-Graduação na UFSC

Nessa sexta (01/9), às 15h, tem Audiência Pública com o Reitor da UFSC sobre os cortes de verba na pesquisa, a possibilidade de fim das bolsas CNPq, o desmonte do Ministério de Ciência e Tecnologia e a redução das verbas das Universidades Federais.

Precisamos levar o máximo de pessoas na Audiência para pressionar o Reitor Cancellier a se posicionar. É necessário uma postura política em nome da Universidade, apontando para o Governo Temer e para os interesses privados como responsáveis pela precarização das nossas condições de pesquisa e permanência.

POR UMA PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO A SERVIÇO DO POVO!

Evento: https://www.facebook.com/events/1538028172929587/